Entendimento.
Ninguém entende o poeta
Que lança palavras aos ventos,
Chorando a dor mortal da perda
Dos amigos hoje ainda mortos.
Ninguém entende a dor do poeta
Que reclama a vida em direito,
Reclama o desejo humano de sonhar,
E que se deita às estrelas como me deito.
Ninguém entende a revolta dos poetas
Ao verem seus amigos disformes, estuprados.
Ninguém chorará o poeta falecido de desgosto,
Pelas palavras que já não existem nos condados.
Ninguém entende os escritos dos poetas,
Que falam de tempos em que todos esqueceram,
Tempos tranqüilos de respeito aos companheiros,
Tempos pouco vividos pela juventude que vieram.
E quem entende o olhar do triste poeta?
Que expressa a dor que carrega por tudo,
E que sonha escondido o dia de uma glória
Dos povos que só acreditam o que diz o mudo.
Lùcio Vérnon®