domingo, 21 de dezembro de 2008

Amigos

Amigos.
Há quanto tempo?
Era dia quando saimos,
e era noite quando sonhamos,
já era tarde quando sentados...
Há quanto tempo?
Um riso era solto agora,
e as conversas estavam a fora,
já era cedo quando dormíamos...
E éramos três que caminhavam,
e éramos um sendo todos nós...
E o mundo já estava mudado de repente.
já era final de tarde quando encontrávamos.
Há quanto tempo?
Era noite quando partimos,
era dia quando chegamos...
Ainda era cedo para sumirmos.
Lúcio Vérnon®

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Virada de Mesa

Virada de Mesa. O sol brilhava e queria sair, caminhar, e voar, e crescer.... Os passos lentos tardavam, as horas que passavam voando. O vento soprava o corpo que dormia, um sonho tão profundo um momento que não vinha. E o que vejo são horas contadas a seguir, momentos que não deviam ser assim, e você jogou fora, desde que o sol saiu a oportunidade que queria, o momento não serviu, pois tudo era mentira e você ria... A virada não demora, seu medo não some assim, quero justiça e paz, não vou te esquecer.... Não, não vamos embora, não sabe como doeu em mim o homem que agora jaz, não vou te esquecer...
Lúcio Vérnon®

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entendimento

Entendimento. Ninguém entende o poeta Que lança palavras aos ventos, Chorando a dor mortal da perda Dos amigos hoje ainda mortos. Ninguém entende a dor do poeta Que reclama a vida em direito, Reclama o desejo humano de sonhar, E que se deita às estrelas como me deito. Ninguém entende a revolta dos poetas Ao verem seus amigos disformes, estuprados. Ninguém chorará o poeta falecido de desgosto, Pelas palavras que já não existem nos condados. Ninguém entende os escritos dos poetas, Que falam de tempos em que todos esqueceram, Tempos tranqüilos de respeito aos companheiros, Tempos pouco vividos pela juventude que vieram. E quem entende o olhar do triste poeta? Que expressa a dor que carrega por tudo, E que sonha escondido o dia de uma glória Dos povos que só acreditam o que diz o mudo.
Lùcio Vérnon®

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A Não Construção

A NÃO CONSTRUÇÃO. Corpos suados, transcendentes, volumosos. Gemidos, risos, amantes, desejo em realidade. Conversa. E nada como gostaria, apenas corpos, Mito criado da mais pura realidade de um homem. Chuva, calor, chamado, escritos, choros transparentes, Pensamentos, contínuos, esquecidos, relembrados... E tudo como deveria ter continuado, alargando a decisão. E qual decisão tem o poder de permanecer imutável? Choram os violões novamente, Choram as vozes que cantam. Paralelas que se cruzam sem parar, caminhos parecidos... Não há sentido em um peregrino se este não resolve caminhar, Mas qual sentido caminhar sem saber aonde ir ou onde parar? Corpos suados, e mais um sofá que se lembrará ao eterno. E mais uma xícara de café para o poeta que só escreve... Mais uma noite desacordada num sonho penetrante e real. Gemidos, risos, e músicas, e uma só varanda, céu nublado novamente.
Lúcio vérnon®

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ode ao Passado

Ode ao Passado O corpo Fraqueja ao passado, e caminha na estrada escura, floresta noturna de estrelas escondidas caminhos transparentes de rumos ocultos. Os olhos revelam o muito perdido, e a respiração provém do umbral. Ai! Saudades dos tempos antigos Quando Tal batia em minha porta! As pernas cansadas caminham. E caminham para lugares sem ver, as mãos ainda fortes levam a espada, cabelos longos brilham à noite. O corpo fraqueja ao passado, e a floresta é ainda a mesma. Ai! Saudades de quem se foi com uma pedra na janela que abrirá. E os ouvidos ainda ouvem tal voz que firme dizia: parta e não voltes. O rosto ainda sente a brisa gélida que teimosamente fala: Retorne. Lúcio Vérnon®

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Audição

Audição. Ouço as vozes que gritam desordenadamente, Ouço outra voz que implora salvação, Mas que salvação? Nada se salva nesse mundo. E que mundo? Nada é aparentemente real. Ouço os passos de quem caminha sem rumo, E vejo o semblante de quem mergulha em pensamentos, Fechos os olhos, e vejo o imaginário tão real... A realidade que não se toca, mas não deixa de existir. Ouço as músicas que tocam sem parar... Queria eu ser aquelas vozes, tão fortes e determinadas. Ouço as músicas que exala em cada um, E vejo os olhares musicalizados de um desejo escondido. Ouço as notas, em Dó maior, em Lá Menor, Fá sustenido, Queria ser eu a tocar, a ser as notas ouvidas. Tocadas, Ouço o tilintar das cordas, os sopros ecoados, E sinto o turbilhão palpitar insessante, infinito, eterno... Lúcio Vérnon®

terça-feira, 5 de agosto de 2008

UM SONHO

Hoje acordei com uma vontade de escrever... Acordei com um desejo de ficar em paz... Sentia um desejo tão forte de ser feliz e de esquecer os fracassos, de sacodir a poeira. Acordei sentindo saudades de mim mesmo, E queria voltar a sorrir como nunca sorri. Acordei querendo olhar para ela e mudar tudo. -Acordei com um rei deve acordar... E não comi o desjejum por ansiedade, de tamanha vontade que tudo se acertasse. Imaginei um leve sorriso de minha satisfação ao vê-la feliz como nunca vi. Teria voltado... Hoje acordei com saudades de mim e de nós E sentia ânsia de largar os compromissos de lado, dar a mão ao sair, e ir aonde ainda não fomos. Acordei sem essa vontade de chorar que corroe. Acordei sem essas coisas que me vem agora... E quando o sol ia se abaixando, ficava mais feliz. Acordei como se deve acordar o rei... Olhei no espelho e me vi apenas um plebeu. Lúcio Vérnon ® P.S.: Voce faz a minha esperança, e me dá meu único sorriso.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Uma coisa ruim.

Diálogo.
Sim meu amigo, ando triste... Fico sentado sem meu alento, coçando a barba, e nada mais. É bem verdade, perdi minha razão. A jornada não tem sentido à seguir, e as estradas apagaram-se as trilhas. E sim meu amigo, também me perdi entre as palavras que falei ao vento. Nem tudo volta como deveria vir, aprendi isso quando menos queria. Fico sentando olhando o nada... E lembranças voam simplesmente. Tristeza não é bem o que sinto, talvez uma mescla de agonia e raiva. Dizem que assim é que algo se renasce, Sim meu amigo, quero chorar novamente, isso acontece algumas vezes, acredite. Parece que minha força já não brota mais, ou talvez seja forte ao chorar, dizem que sim. Ainda não aprendi a ser como deveria, creio.
Lúcio Vérnon®

terça-feira, 20 de maio de 2008

Um momento na praça

Ao Passado
Quando chega a noite
tenho vontade de cantar
olhando para as estrelas.
E brotam gotas de lágrimas
que resolvem pairar no ar,
quão leve o dia em que foi-te.
E os assovios ecoam na praça,
onde pensamentos são livres
à pensar e brincar com o tempo
quando sobe a lua para a terra olhar.
Quando sopra a brisa, meu corpo,
tenho vontade de voar e escrever,
transparecendo a verdade do sentir.
E fecho os olhos e passo a ouvir,
tal som do silêncio a me entorpecer,
das lembranças os gozos. O torpor.
Ah! Quão virtuoso é o ficar sentado,
o só por um momento calado,
e o pensar fitando os céus
a cantar o passado num arrepio.
Lúcio Vérnon®

terça-feira, 8 de abril de 2008

União estável.

O TIGRE E O DRAGÃO

Eis que do silêncio surge os amantes, que se entrelaçam constantes etéreos. Eis que do nada absoluto vem os sons, que gemem em prazeres corpóreos.

Eis que dois animais entrelaçam no espaço, num ato perigoso de se aproximar mais. E eis que num abraço surge num compasso a virtude escondida de uma mulher feliz.

E as estrelas caem em delírios lúdicos, e a lua observa um novo e outro dia. Eis que o próprio sol tem sua luz tênue, por um amor novo que surge. Quem diria?

Eis que nos céus qual som pode se escutar, surgem do silêncio espiritual o tigre e o dragão. E eis que de um entrelaço fatal do gozo carnal, geme num abraço o expulsar de uma solidão.

Lúcio Vérnon.®

sexta-feira, 28 de março de 2008

Notas.

Música Um assobio e as palavras surgem no ar, numa canção infinita que paira no nada. E as notas surgem em adagas perfurantes. E a voz se corta no além silêncio profundo. Um assobio e um coração enegrece à própria sombra. Um tão cintilante gemido esvai ao pôr das letras. E as notas esquecem a harmônia perfeitamente... E a tal voz falha e desafina no falar implicante. Não há nada que mostre tais palavras no ar, são só palavras ouvidas nas canções infinitas, as notas aparentam brigas e desentendimentos musicais, e a voz a fraqueza de tentar conquistar o que se deseja. Um assobio e tudo fora de questão surgem no ar, numa musicalidade estridente de certo e errado! E as notas já esquecem o tom e esquecem a ordem, mas que ordem tem a voz que apenas grita sem parar?
Lúcio Vérnon.®

Ciranda

Ciranda Às vezes fico pensando em baladas perdidas, são cirandas que rodam o contorno do círculo. ÀS vezes fico pensando em danças esquecidas de brincadeiras de rodas no contorno do corpo. Em horas que a chuva cai escorrendo em meu corpo vem imagens de pessoas em rodas nos campos, e em horas que as gotas esfriam-me a respiração são trazidas na memória as loucuras um dia feitas. Às vezes fico pensando nas festas antigas... Às vezes fico pensando na mão dos amigos. São cirandas que rodam o contorno da mente, são brincadeiras que brincam de sentir em vão. Há momentos que a chuva me faz acreditar em tudo. Há momentos em que nada me faz esquecer o que virá. E são só cirandas que ecoam em coro a nova vida! Como são só cirandas esquecidas das crianças amantes.
Lúcio Vérnon.®

quarta-feira, 19 de março de 2008

Para ti.

Sinceridade

Não lhe direi que sou igual Todos lhe disseram isso... Não lhe direi que serei perfeito, A perfeição é evolução constante. Direi apenas que sou sempre igual Mas igual a todos que ainda não viu. Não lhe direi que confies cegamente, O abrir os olhos nos mostra os sentimentos, E não lhe direi que sentimentos são eternos... Todos lhe dizem isso na hora que querem. Apenas direi que sinto na verdadeira palavra. Sentimento não são verdadeiros quando só juras.

Não lhe direi que nunca haverá problemas, Isso também tais tolos dizem para conquistar. E não farei crer que as soluções são fáceis assim. Direi que não tenhas medo continue a observar A solução estará em nossa frente sempre, Apenas direi me dê a mão e vamos caminhar... Não lhe pedirei provas de sentimentos... Sentimentos não se provam, sentem apenas. E então, apenas lhe direi que estou aqui... Com todo meu besta sentimentalismo sentimental. Desejando-te não como alguém diferente, mas igual, Desejando teu corpo e teu ser, e no fim ser um apenas.

Lúcio Vérnon.®

Por ti.

Palavras e sentimentos soltos ao vento. Uma morte interna, uma reviravolta indesejada. Um eu que não existe mais. Experimento uma avalanche de descobertas. É possível encontrar sua felicidade em outra pessoa? Será que foi isso que andei procurando? Por isso dá errado? E felicidade afinal, o que diabos seria? Alguém a conhece? Perguntas também em vão, desconexas entre si. Onde me encontro agora, nesse inferno que aceitei... Quero me sentir segura, não quero me prender. Não quero aceitar o que sinto, mesmo não conseguindo impedir. Quero fugir, mas não quero me perder. Algum dia sonho conseguir me guiar sozinha, porém não solitária...

Cristine do Espírito Santo.®

DOR

Thalles não queria acordar. Seu espelho não o fazia se sentir bem como antes. As conversas, nem sabia mais distinguir quais eram reais e quais eram imaginárias, ninguém mais importava. Bem, quase ninguém. Havia aquela moreninha de cinco anos, que o idolatrava. Sempre que olhava para ela se sentia melhor. Era como ver a si mesmo, tão parecidos os seus rostos. Adorava quando ela corria em direção aos seus braços, deixando de lado até sorvete! Sabia que seu amor era incondicional, como a fazia sorrir. Faria qualquer coisa para ver seu lindo sorriso infantil. Mas ultimamente nem sua irmãzinha funcionava. Na verdade, preferia nem pensar nela pelo que estava prestes a fazer. Não queria pensar em ninguém. Nada o satisfaria, nada. Ele percebia a gravidade do que estava acontecendo, e conseguia ver razoavelmente o choque que causaria naqueles que o amavam. O choque foi incontavelmente maior. Naquela noite de Carnaval, era o momento certo. Não havia ninguém em casa além da menina. Viram televisão juntos, conversaram, brincaram, e finalmente a criança adormeceu. Ele fraternalmente a carregou nos braços, até a cama de seus pais. Antes de deixá-la, beijou-a a testa e disse que a amava. Pediu desculpas. Esperava que um dia ela pudesse perdoá-lo. Saiu do quarto devagar, fechando a porta. Pegou a arma do pai no armário alto, alcançando-a facilmente com seu 1,85m. Carregou o velho revólver com apenas uma bala, e então trancou-se no banheiro. Um tiro no coração foi o suficiente. O rapaz de dezenove anos estava morto. Em seu rosto uma expressão suave de alívio. Porém seu tesouro mais precioso foi abandonado naquela cama de casal.

*Em memória de Cristiano, irmão amado. Minha vida não importou para mais ninguém desde aquele dia. Sua morte foi a minha maldição.

Cristine do Espírito Santo. ®

terça-feira, 18 de março de 2008

Sexo


E quem está preparado para o amor? 
Os moinhos ainda giram ao contrário...
O vento faz a curva nos contornos corpóreos;
E a relva não se movimenta quanto á brisa...

E quem está preparado para assumir a força?
A armadura já nem mais tem seu peso real,
O brilho da espada ilumina a moradia amante;
Mas quem está pronto para assumir o desejo?

E quem está pronto para assumir tal desejo?
Os moinhos continuam lá e giram e giram...
Tudo em nome de algo e algo em nome de um;
E quem tem coragem de assumir tal sentimento?

As palavras são escritas no vento curvo do corpo.
E tais palavras são sussurradas nas casas e escadas.
E quem tem coragem de assumir o arrepio antes gozo?
Quem tem coragem de assumir o verdadeiro prazer?

O estalar da cama talvez anuncia alguém...
E os gemidos noturnos dão asas ao prazeroso gozo;
Mas quem está pronto para tal sentimento?
Quem está preparado para assumir tal desejo?
Lúcio Vérnon.®

quinta-feira, 13 de março de 2008

Descrevendo um poeta

O Brusco Poeta.

O poeta não sabe discernir as pessoas O poeta ama indiscriminavelmente... E tão descaradamente várias pessoas; Como são várias as formas de se amar...

O poeta não nasceu para ser preso E voa livre nos céus vermelhos sangrados, E sente livre o doce encanto de se encantar, E deixa se encantar pelos homens e mulheres.

O poeta se ausenta em busca de novas poesias; E as pessoas são apenas brasas de cigarro acesas... Que são tragadas a cada momento amante, Enquanto são esquecidos num prazeroso amor febril.

O poeta ama em segredo um, e sempre sai ileso... As pessoas amam, mas de qualquer forma nunca esquecem. E o poeta é tal herói e tal algoz, e generoso com teus escritos; Não prende e não se prende a ninguém, e se doa a todos e todas.

O poeta não tem um coração humano e mortal! És sempre imortalizado na escrita e na memória do amante. Ai de quem passa pelos caminhos desse sedutor supremo! É seduzido e tragado, e prazeroso e esquecido mais e mais...

Lúcio Vérnon ®

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Poema antigo...

Diálogo

Caneta

Escreve cansada mão, Que nunca se esquece Das letras que saem em vão Para poemas que sempre tece.

Escreve a mão trepida, Caminhos em versos avessos, Frase insensata, talvez corrompida Por dores da alma e dos ossos.

Tinteiro

Escorre a tinta no papel pobre Manchando o peito sem uma gota, Criando sentimentos que o cobre, Gastando a tinta, mas quem importa? Escorre a tinta em amarelado papel, Discorre fatos de tragédia já falada, Relembra gostos do mel e do fel... E mostra o sangue do coração à facada.

Poeta

Calem-te loucos de mau agouro! Deixem-me sentir e escrever... Deixem-me no capitel louro Descansar a ilusão do meu ver...

Calem-te companheiros loucos! Deixem-me chorar o pranto antigo, Que também são teus gritos roucos! Do amor que se tornou castigo...

Lúcio Vérnon®

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

III Poema dos Poetas

Poetas III

Poetas não falam... Pena... Poetas sentem, talvez sofrem... Poetas são só poetas apenas... Poetas descansam a fala de tudo...

E quando não se sabe realizar? E quando só se aprende errando?

Poetas só sabem poetar... Pena... Poetas só têm as letras tortas... Poetas só sabem observar, escrever... Poetas negam a existência do fato...

E quando julgam errado? E quando não julgam...?

Poetas só sabem realmente poetar, Poetas não sabem o que são! Poetas são! E fogem sempre! Poetas são amaldiçoados seres...

E quando tenta parar? E quando não sabe como?

Poetas são só problemas... Pena... Dão trabalho, são inconstantes, cientes... Poetas... Poetas nada são... Sombra esquecida, luz tragada...

Lúcio Vérnon®

Minha Alma Medrosa

Minha Alma Medrosa

Minha alma hoje murmura apelos, Pressente o momento sem vir... Minha alma chora quieta, calada, Ouve exatamente o aquilo que temia.

Minha alma hoje murmura o silêncio, Sente o real, os acontecimentos por vir. Deseja acordar e viver, e realizar... Chora por não ser, por não poder ser.

Minha alma triste hoje, cala-se... Teme, treme, ri, canta, recai em prantos, Queria e não sabe como re-dizer... A vontade é de sempre ser teu.

Minha alma calada ouvinte, chora novamente... Teme e escreve rimas pobres em poemas, Enrola o tempo sentado quieto, solitário, Percebe que aos poucos é só alma calada.

Lúcio Vérnon®

Carpete Vermelho

Carpete Vermelho

Reflexão, tristeza, justiça? Conversas na sala, silêncio às vezes? Um moleque sentado quieto; pentelho? Fixo olhar ao carpete, carpete vermelho!

Escritas, pensamentos, poemas? Ecoam outras tristezas, outras pessoas? Reflexo que passa nas sobras do espelho! Menino sentado no carpete vermelho!

Medo no corpo, corpo caído, fraco? No quarto quieto medo do sono, da noite? Formas, sombras, sonho, pesadelos? Pessoas sentadas ao carpete vermelho?!

Estrelas no céu, lua na mente? Passado já distante, perdido no tempo; Vontades esguias dos arrepiados pêlos? Solidão e frieza no carpete vermelho...

Lúcio Vérnon®

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Noturnas Carícias

NOTURNAS CARÍCIAS

"Lá fora a lua intensa

brilha com uma luz plena."

Lúcio Vérnon

As nébulas desta noite Cercam como a um filho; Protege, acalanta, mima. Guia como um farol a um navio; Conduz a locais, de todo, desconhecidos. Leva a um mundo utópico, ou real? É doce as carícias da noite, É suave se perder em encantos Do puro, simples amor noturno. É sentir-se bem, sem bem saber. Uma veludosa brisa ousada, Sopra inerte um trepido corpo De alma já gélida e soturna; Como se quisesse com tais carícias Acordar algo há muito já fenecido Por impossibilidades vitais da vida; por impedimentos e outras formas. É doce as carícias da noite; Entretanto são já saudosas desde o início. É suave se perder em encantos noturnos, Mas é perdido onde crepita tais sentimentos.

LÚCIO VÉRNON GOIÂNIA- 126.05.06 ®

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Soldado

SOLDADO Na parede encostado, cigarro no bolso, Música nos ouvidos, vento no rosto... Ninguém ao redor, pessoas que passam, Pessoas mudas, gritando o que fazer... Chove lá fora, a água fria na jaqueta, Corpo que molha indo em nenhum lugar, O olhar para o vazio de todos que não entendem. E amar é doce; odiar tão prazeroso quanto amar. O passado não importa, o presente não existe. O tempo somente passa quando se deixa passar, É doce viver... Criança venha ver, (esqueça tudo.) Amar é doce... Criança venha ver (esqueça a luta.) Na parede encostado, cigarro aceso... Lembranças na cabeça, fumaça no ar. Todos ao redor, sozinho enquanto ali. Sozinho onde quer que vá, calado e tão falante. Sorriso diferente, voz que não sai, olhar que não vê, Corpo molhado, suor da labuta, cansaço de lutar, Música que não canta, toques que não tocam... - Esqueça o lugar, e venha caminhar, a estrada é longa. O passado não importa, o futuro é presente, O tempo é a luz que não ilumina nenhum lugar. É doce viver... Criança, venha ver (esqueça tudo.) Amar é doce... Criança venha ver (esqueça a luta.) Lúcio Vernon® 15.02.2008 – Goiânia®

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Respostas


E quando tudo é silêncio, vem as respostas, 
E quando tudo é mero silêncio, pode-se ver claramente, 
Quando tudo e só silêncio, o grito de minha alma sabe a verdade, 
E o que pensar de tudo o que se parece quando nada é? 

Quando tudo é silêncio aparentemente, é possível escutar, 
E quando não há mais maneiras de se fazer silêncio? 
É hora de falar? As vezes o que falamos tem poder, 
mas nem sempre querer é poder... 

E poder se torna querer? 
E como dizer absolutamente tudo quieto? 
Quando tudo é silêncio, pode-se sonhar, talvez alcançar, 
Quando tudo é silêncio, percebe-se que em tudo há uma jornada, 

A jornada sempre começa em um caminho reto, mas para onde ir? 
O silêncio é só mero som de algo que quer ser dito, mas e daí? 
Quando tudo é silêncio pode-se brandir uma espada para a luta... 
Pode-se escrever um poema brandindo o sentimento para conquista... 

Pode-se apenas imaginar como seria o amanhã, após a caminhada... 
Pode-se enganar pela imaginação temporal de um real ou ilusão inexistente. 
Quando tudo é mero silêncio a música soa mais alto, e tudo é puro. 
Quando é só silêncio existente, se torna amante, amor, paixão, pensamentos. 

Quando é tudo silêncio, as coisas apenas são, e se deixa acontecer, sem força. 
E quando todo silêncio é sem força, pode-se escutar choros, tristes, alegres... 
Quando tudo é silêncio, os Deuses é só um, são só dois, são pagãos; 
O tempo é mero acaso quieto que se deixa passar num segundo não contado, 

A vida é apenas uma crença de um mundo feliz, e seria ilusão? 
Quando tudo é silêncio os homens são simplesmente imprevisíveis. 
Quando tudo é silêncio, as ruas se enchem de pessoas que dançam, 
Quando o silêncio é tudo que há, há pessoas a observar o resto e todos. 

Quando tudo é silêncio pode-se observar as estrelas melhor, o brilho é prata. 
Quando tudo é silêncio, pode-se enfeitiçar com o brilho das pessoas, o brilho é prata. 
Quando tudo é silêncio, talvez as coisas não são o que são... 

E quando o silêncio simplesmente é tudo, o que pensar das coisas que acontecem? 
Quando o silêncio é tudo, vem as resposta, mas quais são as perguntas? 
Quando tudo é silêncio, e as ruas ficam quietas, cuidado, com o brilho das estrelas.

Lúcio Vérnon® 12/02/2008, Goiânia.

escadaria

É hoje é mais uma Quinta que antecede a Sexta-Feira, hoje é só mais um dia que o sol nasceu amarelo, mas encoberto por nuvens cinza que logo se formará em gotas de chuva e cairá por sobre meu corpo como quem quisesse purificá-lo das aviltudes de pessoas, espíritos talvez, mau agouro quem sabe. Ah!... Hoje é só mais um dia onde a brisa brinca de embalar as folhinhas das árvores e das pequenas flores ao pé de um poste iluminado, é só mais um dia que a brisa faz o perfume exalar por sobre o pátio. É só mais um dia como qualquer outro, como qualquer outro dia é o meu dia de ficar só solitário, sentado em minha cadeira no quintal, brincando com a fumaça que sai de meu carrasco cigarro, é só mais um dia que meus cadernos recebem mais uma dose amarga de poemas meus, com todo um sentimentalismo extravagante de pobreza, de falta de companhia. Ah! É só mais um dia que fazendo as contas passa-se de uma semana que me vi no alto de uma escada desejando jogar-me ao azar de sobreviver ou a sorte de finalmente encontrar-me num plano onde finalmente possa eu ser feliz. Já faz uma semana, uma semana que na beira daquela escada sentei-me no último dos degraus, ascendi mais um de meus cigarros e sem pensar em nada, queria apenas sentir o gosto pesado da fumaça passando por minha boca, chegando até os pulmões e retornando em círculos pequenos, hora grandes e finos. Quase inaudível tocava na casa de um senhor que estava à janela, uma música: Miss Sarajevo, estava na parte em italiano, e comecei a imaginar todo o sofrimento de um pai que perdera seus filhos na guerra, olhava o rosto do senhor e via uma lágrima que rolava devagar, como quem soubesse o que eu sentia naquele momento, e o meu desejo; fitava-me e eu a ele, era como se pudesse ver o filho dele, era como se ele despedisse de mim. Ele entrou para algum dos cômodos da casa, fechei os olhos tentando me tranqüilizar, e agora só ouvia a música que se repetia e repetia, e repetia em uma oração espiritual para que não me jogasse, uma oração ao Deus para que tivesse pena de mim talvez.Olhos fechados, e ouvindo a música que repetia, agora também ouvia as ondas se quebrando no mar, estavam cálidas, parecia também sentir minha dor, os passos começaram a se intensificar, olhei, o senhor estava sentando-se ao meu lado com uma caixa antiga, com apenas números em sua frente. 1914 estava em preto com gotas vermelhas, não me disse uma palavra se quer. A música gritava L'AMORE! Jogou-a em meu colo e em frações de segundos lá estava ele rolando escada abaixo. Ascendi outro cigarro, e olhei para baixo, alguns mendigos que passavam pela rua se aproximara, mas o corpo estava inerte, o brilho fraco nos olhos do senhor que pela primeira e última vez vi, com toda certeza nunca mais iria ver novamente, ele havia se jogado e eu nem falei com ele antes, talvez convencesse do contrário, mas quem me impediria de jogar-me? Abri aquela caixa, e lá havia duas fotografias, uma o filho dele na guerra sorrindo e a outra, bem a outra estava o mesmo morto não sei descrever a situação, mas pude ver que lágrimas marcadas no rosto, acredito. Atrás estava escrito:- Uma vez confiei no que me disseram, e mentiram. Outra vez dei a minha vida para que eu provasse a verdade. Morri. Agora gostaria apenas de ter companhia. Tenho, mas sou solitário. Entrego-te tudo que tenho, para que entenda que nunca deves se colocar em provas, pois aqueles que não acreditam em ti é quem não te merece. Não te mates, esse é o meu último pedido em vida, lutes pelo que quer, mas não engane a ninguém, e se ninguém em vós acreditar, não te preocupes teu silêncio será tua verdade.Ah!... Hoje é só mais uma Quinta que antecede a Sexta-Feira, é só mais um dia que o sol nasceu amarelo...

Lúcio Vérnon®

OLHOS

OLHOS CASTANHOS
Olhos castanhos, longe olhando;
Um corpo solento sentado;
Uma sala, uma mesa e nada.
Porta fechada; e a janela fechada.
Olhos castanhos, olhos fechados e longes;
Imaginação, sublimação do momento; E um beijo longe de datas ocorridas;
E um suspiro tão profundo quanto abismo.
Olhos castanhos, castanhos favos exprecivos;
Voz firme, correta e certa, e confusa...
Coração que palpita ao sentir as palavras...
Mão que vacila o toque naciturno do amante.
Olhos castanhos, luz tênue ocular quietos.
Mãos finas, corpo grande, lábios doces;
Momentos gentís, felizes, tristes pequenos.
Outros olhos castanhos em eterna espera.
Dois olhos castanhos, trêmulos e trépidos,
E falantes, e ouvintes, e esquecidos no tempo.
Dois olhos castanhos de apenas uma história,
Encontrados e perdidos nos tempos rompidos.
Olhos castanhos; solitários, calados sozinhos.
Mãos que tremem à caneta, letras simples;
Coração que palpita a canção amante cantada,
Voz que falha tremida de um acrescimo visual.
Lúcio Vérnon®

domingo, 27 de janeiro de 2008

Poema Além da Matéria.

Além da Matéria. Quem sabe fosses tu... Correndo para qualquer canto, Chorando o azar de não ter, Sofrendo a negação própria... Quem sabe apenas a vi Em imaginações férteis... Quem sabe talvez só um sonho, Quem sabe ainda nada mais além... Já faz muito tempo... Sim... O tempo não ajuda ninguém, As lembranças continuam, E o sono chega com outros sonhos. Quem sabe não fostes apenas um sonho, Que verdadeiramente aconteceu por aí... Que não se deixa esquecer dormindo... Que não vai voltar simplesmente... Fim... Já faz algum tempo... E o sofá ainda lembra teu cheiro. E a boca ainda lembra teu beijo... E as palavras não falam nada mais além. Quem sabe além da matéria exista você, Sorrindo com vestido branco florido... Esperando o momento com braços abertos, Falando meu nome em sonhos também... Lúcio Vérnon®

Poema de uma lembrança

MOSAICO Coelho, casa, amor, amante, pão de mel, Filhos, árvore, amigos, amizade, luz no céu. Chuva, história, pequena flor... Café, biscoito, primos, avó, senhor!... Manhã, escola, aula, recreio, professor, Castigo, tarefa, diversão, dó do diretor. Colegas, pé de manga, parquinho, tio, Fugas, esportes, ida pra casa, ponte, rio. Final de ano, férias, festas, bolo de chocolate, Brincadeiras, corrida, quedas, cachorro que late... Quieto, mesa, pessoas, conversas, vestido com flor, Olhar, desespero, espera, angústia, primeiro amor. Lúcio Vérnon 23.01.2008®

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Acompanhante

ACOMPANHANTE

I

Um corpo inerte ao espelho; Olhos vagos, vazios, desiludidos; Um corpo mórbido, frio e distante; Sonhos em algum lugar, longe...

Perdido na imensidão do nada, Amando sem amar; prazendo sem prazer... Queria partir, queria sonhar, talvez ser feliz... E os ponteiros sempre se separam...

Um corpo apenas, nada mais além; Um já padecido ser que ainda vive. Um corpo já entregue, acomodado, morto. Esperanças, pensamentos, fora e vão por aí.

Vontade de chorar, a boca treme... Vontade de sair correndo em busca. Um ser que ouve as lembranças... Tolo. Que chora, sente, rir – isso não como antes.

II faz frio lá fora... A lágrima é salgada. O espelho já não é apenas a visão de si... Um corpo apenas, e nada mais além disso. Um corpo apenas, vazio, amando sem amar.

O vento frígido toca a face sutil... Quão sutil toque esquecido pelos ponteiros. Ponteiros sempre se encontram para separar-se. Queria que a própria vida assim não fosse...

Um corpo anãs pedras, beira mar... Beira agonia de não sentir-se... Queria poder ser qualquer ser. Não pode. Queria sonhar e ser feliz. Proibido pelo tempo.

Lúcio Vérnon. Goiânia 18.01.08®

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Esperança

ESPERANÇA As lágrimas caem e onde foi você? Não estás mais aqui para apará-las, Não mais sinto teus toques, presença. Seria antes a realidade real imaginária? O corpo palpita tépido ao último suspiro, Estremece a alma no súbito desejo de padecer, E tu não estás para consolar na última hora, A respiração falha ao coração parando... A vista escurece apenas vozes ao redor, O frio aquece a alma para partir, voar. Sua voz não deseja a boa viagem, bom pouso. O corpo já não mais é a prisão da alma amante. Ela ainda não sai desse infeliz ser, tua culpa, Pedistes para não ir, mas tu quem foste. Onde estás para deixá-lo partir, ser livre? O desejo é morrer para se viver, onde estás tu? Lúcio Vérnon, GYN- 03.09.06 ®.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

OLHAR

E o que posso finalmente dizer? Ela estava lá, sozinha, e eu ao lado sem saber que palavras sairiam de minha boca, estávamos lá no banco de uma praça onde crianças brincavam incansavelmente, estava a sua frente inerte e sem saber o que fazer ou falar. Com toda certeza seria minha última chance, e aqueles verdes, aquela pele alva, cabelos negros me olhava um olhar de me fazer sentir enfeitiçado, de sentir-me prisioneiro incapaz de fugir dela. Era noite e a lua começava a sair, as crianças aos poucos iam embora com os pais que passavam nos cumprimentando, e ela ainda estava lá, ao meu lado, sem uma palavra apenas me olhava e esperava algo, como se já soubesse o que sentia naquele momento... Nunca levei jeito em falar de mim, nunca conquistei uma mulher, e eu tremia de medo, esfriava-me o corpo só de pensar que ali mesmo ela poderia mudar minha vida para sempre, sabia que muito provavelmente, nunca a esqueceria, mesmo eu já tendo vivido sentimentos mais intensos. Ela ainda estava lá e eu calado, paralisado diante de um olhar que até agora ao fechar meus olhos sinto o calor...- Seus olhos são lindos - disse eu finalmente meio engasgado ainda - nunca eu havia vistos olhos tão lindos como o seu...Ela ainda continuava calada, me olhava e nada mais, nenhum sorriso, ou expressão de desgosto, ou qualquer movimento se quer. O que aumentava ainda mais minha insegurança, e meu desejo de ouvi-la, observei a pele do rosto, e ela era tão veludosa quanto a pêssego novo, e de observar podia eu sentir sua respiração suave, calma, e esperando, mais nada.- Gostaria de lhe falar algo que há um tempo tento dizer-te, porém falta-me coragem para tal...Ela ainda continuava inerte, e agora apenas exalava um perfume de flores ainda mais intenso, perfume que ia me conduzindo a falar tudo o que sentia no momento, ia retirando minha libido do falar...- Bem, gostaria de dizer apenas que desejo passar o resto de minha vida aqui observando esse olhar, que me move sentimentos nunca antes experimentados, agraciando tua veludosa pela em comunhão a esse perfume que me leva a um delírio lúdico, em busca de um amor, que agora vejo brotar em minha frente como uma rosa simples e perfeita em um campo distante escolhida para dar-te. Gostaria de dizer-te que não entendo bem o que sinto, é tudo muito estranho para mim, mas se é um amor, deixo que fale por mim, quando com toda a certeza e loucura que um homem possa ter, não peço para namorar-te, ou beijá-la, tocá-la, mas peço para ter-te eternamente, acompanhando nossas vidas, me libertando do mundo que vivo sem ti.A lua já estava alta, olhei para ela, como estava linda... Uma brisa veio brinca com minha face, então fechei os olhos por um momento, e senti um beijo tocar meus lábios, ela havia me beijado, abri os olhos, olhei para os lados, sem entender. Ela não mais estava ali, e talvez nunca estivesse, talvez fosse apenas eu imaginando-a, e sentindo-a... Sozinho na praça recordando daquele olhar chorei.
Lúcio Vérnon®

CONTO DE UMA VIDA

O que minha vida designou é: contar contos, contraditórios de contentamento descontente, contundentes, contundidos contos que conto sem dar por conta... É sim, é o que a vida me designou; mas tudo bem, as letras fluem como águas no rio, e mesmo não tendo muito a sorte de poder falar-te pessoalmente, por esse papel branco que minha caneta teima em deslizar durante horas, transparece um pouco do que sempre me vem, pensamentos ora sórdidos, ora meros pensamentos que pensam em nada pensar. Por esse papel rabisco em letras o sol que há muito foi apagado por gotas de lágrimas que um dia teimaram em cair por algum motivo que por mais que conte nesse conto, ninguém poderia bem entender os motivos de tal zelo, cair uma gota de sentimento escorrendo pelos olhos por alguém que um dia foi e ainda é com quase toda a certeza dessa caneta que escreve: ser o maior amor que veio um dia tomar conta de quem vos escreve e que por azar agora nada mais há. Conheci-a ainda bem moço de calças curtas, cabelos partidos para o lado – penteado feito por minha mãe – não sei se já era final de tarde ou início de noite, mas também de que diferença faz se ao final de um começa o outro? Lembro-me apenas que não era um dia comum, como qualquer dia comum na cidade do interior. Eu estava ansioso, naquela festa de aniversário de uma colega de classe, não sabia o motivo, mas estava. As pessoas passavam de um lado para o outro, ora pra homenagear a aniversariante, ora para cumprimentar os outros convidados, e o restante das crianças de minha idade corria lá fora na beira do rio, numa brincadeira de pegar, mas eu só, queria ficar sentado na mesa observando todo mundo, e de tanto observar vi que não tinha amigos meus que estavam na mesma intenção que eu. Eu queria experimentar pela primeira vez um sentimento que talvez nunca mais sinta, eu queria conhecer novas pessoas, talvez alguém que marcaria minha vida por todos os anos de minha vida – porém isso só descobrir poucos dias atrás, analisando meus feitos de desfeitos ou não feitos. Ainda era muito moço, como dizia, e apenas estava sentado na cadeira solitária de uma mesa de centro do salão, vendo os convidados conversar alegres, e meus amigos correndo de um lado para o outro, até que pela primeira vez vi alguém entrar naquele salão, e era tão radiante quando a vi, era como nos contos norte americano ao descrever o sentimento de amor ou de uma paixão inesquecível, ouvi vários sinos, senti as borboletas abrindo as asas em vôos em minha barriga, sentia a mão esfriar e tremer, em apenas olhar para ela, e os movimentos logo ficaram lentos como num filme brega de amor americano, mas como já disse o poeta uma vez, o amor é para ser ridículo, senão, não é amor. E de repente ela passa do meu lado, com seus irmãos, ela estava linda, comportava um vestido branco com estampas de flores de várias cores, sei que nunca irei me esquecer... Já não mais havia mesas no salão, todas estavam ocupadas, e eu sozinho numa mesa para quatro, e ela em pé com mais dois irmãos – uma irmã mais velha e um irmão mais novo – e ainda sem jeito, não os conhecia, exceto pela irmã mais velha que foi meu álibi, convidei para sentar junto a mim, e em meio a conversas que eu puxava, ou elas puxavam, na verdade queria era dizer que o que mais eu gostaria era sentir o abraço mais puro e sentimentalizado que poderia existir e nada mais, que eu gostaria de em num rompante de silêncio constrangido, sentir os seus lábios tocar o meu pela primeira vez, e para sempre. E no fim gostaria de simplesmente desejar nunca ter vivido sem ela um segundo sequer. Mas isso também veio de minha analise. E o tempo passou, e já não era mais tão moço, já saia só de minha casa, mas ainda muito depois de fazer todas as obrigações, que, aliás, fazia bem rápido para que no fim eu pudesse ter mais dois ou três minutos com ela naquela praça cercada de flamboyant, bancos de concreto espalhadas e várias flores no centro da praça que havia uma fonte que já não funcionava, exceto nos finais de ano. O tempo passou, e cada vez que a via era como a primeira vez, sentia todas aquelas chamadas baboseiras pelos mais jovens – muito embora quando a vejo ainda hoje sinto o mesmo. A noite as estrelas estavam sempre sorrindo, e a brisa acalantava os minutos que tinha com ela no meu colo olhando as estrelas, enquanto me faltava coragem para roubá-la um beijo, o beijo que sempre desejei e imaginei um beijo para sempre. Para sempre. Mas já faz tempo, e hoje me resta apenas memórias que ainda tento apagar, antes que sufoca-me de amor e felicidade antiga, já faz tanto tempo que hoje vivo de uma saudade interminável, que sou incapaz de esquecer, tentando me enganar ao falar para os quatro ventos que tudo foi-se esquecido nos quatros cantos do meu quarto, que deixam as marcas de socos descontentes, de lágrimas no papel, e sangue dos sentimentos que retornam sem nunca cessar... Já faz muito tempo, e em minhas analises nada mais vejo, não me resta a felicidade, pois ela reside no passado, teus toques antigos, pois também reside no passado. Entretanto como ia eu dizendo, ficava sempre na praça com ela nos finais de semana, porém foi passando-se os anos, e finalmente nascia uma carência, que ia aumentando nos encontro onde nada mais acontecia a não ser conversas intermináveis e demonstrações de carinhos que por falta de coragem minha não selava nosso sentimento com o selo do toque suave aos dez segundos que antecedem um beijo puro e verdadeiro. E quando dei por conta era carnaval, e ela estava correndo para beira do rio chorando por um motivo que até hoje não sei, antes ela sempre me falava, e eu correndo logo atrás o mais rápido possível, e enquanto tentava acalmá-la, lá veio ele, um outro homem, e um abraço, e toda a coragem que não tive, um beijo, enquanto eu disfarçadamente deixava cair lágrimas entre um sorriso e outro, numa brincadeira para ele nada perceber, e um desejo de partir finalmente para um outro mundo qualquer, o rio convidava-me a realizar esse desejo, e antes que eu a aceitasse me olhou. Nunca irei esquecer aquele olhar como nunca irei esquecer os momentos que tive com ela desde o dia que a conheci... E em minha mente passa o mesmo filme a cada relacionamento. E quando achei que não tinha mais forças para lutar, me veio como uma armadura completa com espada, escudo e máscara, uma chance que não joguei fora, joguei os sonhos para o alto para vir para essa cidade, deixei amigos, sonhos e carreira, com a certeza de que no fim tudo daria certo, e vim com uma felicidade que com o passar do tempo foi-se apagando ao me deparar com a realidade – a realidade que vivi e vivo num conto de fadas que criei aos meus dez anos, e que deveria ter esquecido aos quinze ou antes talvez, mas sou incapaz por realmente amá-la e ainda lá no fundo, mas bem no fundo acreditar que um dia ainda poderia conquistá-la ou reconquistá-la – de que ela já estava bem crescida, como eu, e estava no meio de um relacionamento verdadeiro, e que por mais que eu lutasse, no máximo conseguia deixar confusa, como numa noite perto da casa dela, debaixo de uma árvore, a luz da lua cheia nascendo, com muitas nuvens no céu – como aliás sempre é quando a encontro hoje em dia, não tem mais as estrelas que um dia teve – em meio a palavras que só então tive coragem de falar, finalmente aconteceu dois beijos, um que ela me deu, e outro que eu dei. Porém ao fim de outro dia, em meu endereço eletrônico, havia uma carta pedindo desculpas, e falando que não me amava, pedindo para eu me afastar. Lembro-me bem daquela noite seguinte, mais lágrimas caiam por sobre meus poemas, que aliás, já há algum tempo não consigo mais escrever, meus tios não sabiam e nem escutavam meus choros, e mesmo que vissem não iria acreditar que eu estaria chorando, pois dizem por aí que homem não chora por amor, ou por qualquer outra coisa sequer. Mais um tempo se passou, e dessa vez consegui voltar fazê-la pensar em nós dois, e naquele carnaval não fui pra cidade onde nos conhecemos, e talvez ali, perdi mais uma chance que sei que não havia, mas ainda sim perdi, e quando regressou, tivemos mais um encontro e até agora o último, onde ela no final de me ouvir pediu para nunca mais tentar algo assim com ela. E mais uma noite em lágrimas ocorreu na minha vida, mais um tombo, e a espera de mais uma armadura, espada, escudo e máscara para lutar, e enquanto não vêm apenas repito uma música mentalmente por acreditar no fundo que isso acontece comigo de certa forma, repito palavras em notas, com um sentimento de que tudo no final retorne ao passado e eu possa concertar os erros e lutar por ela, o maior dos meus casos que nunca houve e os abraços que nunca me esqueci, o melhor de meus erros, mas que sempre erraria só porque no fim sei que sempre a amarei, desculpe quem espera um sentimento de amor de mim. Porém minha vida apenas designou contar contos de contentamentos descontentes, contundentes e contundido, contidos no meu ato de contar o conto. E como já era de se esperar este é só mais um conto que nesse papel branco minha caneta desliza em palavras que fluem como água no rio de encontro ao que nunca tive coragem de falar-te pessoalmente estes pensamentos ora sórdidos, ora pensamentos que só pensam em nada pensar, por mais horas que se passe, nesta escrita embriagada numa noite envolvida de um silêncio que me faz lembrar em tudo que nunca passei, ou passei de mais sem saber.




Lúcio Vernon® Goiânia – 01. Maio. 2007.

PALAVRAS


Pensamentos.

As palavras se perdem no vento 
São apenas palavras, apenas desejos, 
Quem sabe talvez um dia faça pensar, 
Quem sabe um dia mostre o caminho. 

As palavras são apenas palavras 
Que tentam mostrar os sentimentos, 
São só gestos tímidos de não demonstrar, 
Quem sabe faça lembrar de tudo... 

 Mas gestos são mais que palavras tímidas, 
São palavras que demonstra, gesticula... 
São desejos querendo sair de dentro... 
Talvez entenda o beijo, talvez entenda... 

 Já palavras e gestos é casamento... 
É todo um sentimento explodindo... 
É o pedido para aceitar, implorando... 
Talvez dê um sim ou não, talvez sim... 

E se falta gesto de palavras, sobra silêncio. 
Silêncio é verdadeiro amor, não cobra... 
Silêncio não se acanha, não se fala, sente. 
Silêncio é certeza do nada, dúvida do certo. 

 É o mundo se apertando de tanta nostalgia. 
Silêncio é o que sai do fundo em explosão, 
Quem sabe se lembre dos abraços e respirações.
Quem sabe nunca esqueça da dúvida, mas aceite. 

Silêncio não se perde por aí, faca guardado, 
Se torna saudade por ver o tempo passar... 
E saudade é saudade que angustia, mata... 
Não esqueça, não esqueça de tudo...

Lúcio Vérnon® Goiânia 01.Julho.2007

FLORES BRANCAS



































Flores... O aroma na casa era de flores, talvez jasmins, ou petúnias, não sei distinguir um cherio de flores, mas sei apreciá-las. Flores, a casa tinha cheiro de flores, ao fundo suavemente uma boa cansão tocava em algum quarto, e alí estava ele, com olhos fechados, para sentir a música, não escutava apenas com os ouvidos, mas com o coração, a mão estava sua caneta preferida, e um papel onde escrevia alguns de seus poemas, falando de amor, e amor, e amor.Entrei, ele não abriu os olhos, mas ainda assim me reconheceu como se tivesse me visto entrar, e pediu silêncio até aquela música acabar.
- Nada ficou no lugar,Eu quero quebrar essas xícaras,Eu vou enganar o diaboEu quero acordar sua famíliaEu vou escrever no seu muroE violentar o seu gostoEu quero roubar no seu jogoEu já arranhei os seus discos...
Que é pra ver se você volta,Que é pra ver se você vem...Que é pra ver se você olha pra mim. (...)
E continuou cantando, com um sentimento que sinceramente não conseguia se quer falar qualquer coisa, apenas escutava como se aquilo fosse minha vida, isso ficou marcado para sempre em minha memória, eu só tinha 19 anos, mulher na aparência mas menina ainda na cabeça, enquanto ele... Ah! ele era meu porto seguro, o amigo de infância, o namorado da adolescência e quem sabe o homem de minha vida no futuro. Sentia que ele cantava para mim, cantava por mim, e não abria os olhos, mas lágrimas de tanto sentimento rolva em seu rosto, tínhamos brigado alguns meses. E desde então não o vi mais.A música acabou, lentamente seus olhos se abriram, olhos castanhos, marejado olhos castanhos que sentia com uma capacidade que talvez, meu deus me perdoe, eu tenha até inveja. Abriu um sorriso, um daqueles sorrisos que não precisamos dizer mais nada, um daqueles sorrisos que dizem: que bom que veio; um sorriso que ao se abrir iluminava o quarto por tamanha pureza e tamanha vontade de dar um sorriso acolhedor.- Oi princesa - Como sempre me chamava, me comprimentou.Não consegui falar de início, apenas o abracei com toda minha força, o abracei para que nunca mais saisse perto de mim, para que entendesse que mesmo longe meus pensamentos estão perto, o abracei como quem não quer largar jamais.- Oi. - respondi aos susurros, não queria falar, apenas vê-lo, sentir meu coração bater mais forte, concertar meus erros, e acertar agora. Pedir desculpas. E falar o que realmente sentia.Ficamos abraçados por alguns longos minutos, mas minutos que para mim poderia ser a eternidade que continuaria da mesma forma, como era bom ficar nos seus braços... Como era gostoso sentir seu perfume...As vezes as coisas em nossa vida passa e não percebemos, as vezes simplesmente deixamos escapar a nossa felicidade por entre os dedos, e sem querer, quando vemos, não temos mais nada, não temos mais o nosso amor, não temos mais nossa motivação para ser feliz. Eu estava tentando continuar a história que havia dado um ponto final pensado apenas no racional. Mas ele era tão cavalheiro, compreensivo, companheiro, sabia que iria entender.- Perdão - disse eu, ainda sussurrando em seus ouvidos. - O que falei não era o que realmente queria, me enganei... Tentei mentir para mim mesmo, tive medo de enfrentar a nossa história sem saber o que aconteceria mais tarde...- Psiu! - olhou nos meus olhos e com os dedos a minha boca, pediu para não falar - Eu sei... Eu sei... E ainda com os dedos em minha boca, fechou os olhos novamente, e beijou-me os lábios como há alguns meses não sentia aquele beijo que ao tocar-me era capaz de me levar ao êxtase e gozos em apenas segundos. Um beijo tão puro e sentimentalizardo... Ah! que veijo... Como eu estava sendo tão louca de deixar minha felicidade ir embora assim, sem ao menos lutar, ou dar uma chance para que isso pudera acontecer, tão lindo, tão eterno... Tão amante...Nos levantamos da cama, sentido agora todo seu corpo, e nos meus sentimentos era já impossível disfarçar a felicidade que transparecia em meus olhos, e sorrisos que ao olhar para ele dava. Fomos ao quintal. E agora com as mãos à minha, cantarolava outra música, com o mesmo sentimento.
- Meu poeta eu hoje estou contenteTodo mundo de repente ficou lindoFicou lindoEu hoje estou me rindoNem eu mesma sei de quePorque eu recebiUma cartinhazinha de vocêSe você quer ser minha namoradaAi que linda namoradaVocê poderia serSe quiser ser somente minha Exatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaQue ninguém mais pode serVocê tem que me fazerUm juramentoDe só ter um pensamentoSer só minha até morrerE também de não perder esse jeitinhoDe falar devagarinhoEssas histórias de vocêE de repente me fazer muito carinhoE chorar bem de mansinhoSem ninguém saber porqueE se mais do que minha namoradaVocê quer ser minha amadaMinha amada, mas amada pra valerAquela amada pelo amor predestinadaSem a qual a vida ‚ nadaSem a qual se quer morrerVocê tem que vir comigoEm meu caminhoE talvez o meu caminhoSeja triste pra vocêOs seus olhos tem que ser só dos meus olhosE os seus braços o meu ninhoNo silêncio de depoisE você tem de ser a estrela derradeiraMinha amiga e companheiraNo infinito de nós dois
Ainda cantando, colheu uma das rosas brancas, que havia plantado para mim, sentou-se ao meu lado e antes que qualquer coisa eu resolvesse falar, deu-me outro beijo... e beijando fui-me cedendo, e explodindo todo um sentimento que havia guardado em mim que sabia que na verdade não seria mais de ninguém se não ele, meu Poeta, meu amigo, minha vida, o homem de minha vida que quase havia deixado escapar...O tempo apressou-se sem que nós percebecemos, e ao anoitecer, a lua cheia nos iluminou ainda no quintal, em baixo das árvores sentados no banquinho, coladinho a seu corpo sem nenhuma palavra a dizer, só momentos a sentir. Ele me encostou no colo e ficamos apenas a olhar a lua, as estrelas, passaria a noite alí com ele, ficaria alí com ele para sempre. E aos poucos fui-me adormecendo, com os carinhos que ele me fazia, me fazendo sonhar aos toques de sua mão leve.E já era dia quando acordei, Estava em minha cama, o telefone tocava- Alô - será que era ele me ligando? será que ele havia me trazido enquanto dormia para aqui?- Alô, gostaria de falar mesmo contigo... - respondeu a voz do outro lado o quem poderia ser?- Sou eu, lembra? O melhor amigo do Poeta - me recordei - Gostaria apenas de lhe informar... - sua voz estava cortada, e pelo visto com choro - O Poeta se foi, ele faleceu hoje.Desliguei o telefone. Como poderia aquilo? Estive com ele ontem, e recebi uma flor dele, fui ao meu quarto, vesti qualquer coisa e corri para a casa dele. Era verdade, Meu Poeta havia falecido, fui-me para o banco em choro, o mesmo banco de meu sonho, e lá estava a mesma rosa que ele havia me dado. Eu desperdicei com minha razão a minha felicidade... Eu joguei fora o meu amor, o meu Poeta... eu...




Lúcio Vérnon - Goiânia. 10.08.2007®

Pierrot

PIERROT

E ainda tento sorrir... Enquanto cavalgo pelas campinas; Mas a lágrima cai... Sempre cai... O cavalo pára e eu continuo a rolar...

E ainda tento sorrir... Com minha face manchada do pó, Com meu corpo, ferido n’alma... Com meu riso forçado de dor latente... A maquiagem esconde minhas expressões; Mas a lágrima cai... Ela sempre cai... Borrando o rosto alvo e doentio por trás; Assuntando quem vê... Deveria ser engraçado.

E ainda tento sorrir... Meu riso pálido, entre choros secretos; Nos cantos que ouço dos cantos que fico... Ainda assim tento sorrir... Na força que faço...

Lúcio Vérnon®

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

"O Ar Ainda Pesa"

“O AR AINDA PESA”

As lembranças não param... Um sofá, uma tarde e noite, um afago; Um jantar, as estrelas, nada para beber; Castigo: Sempre um não, talvez, nunca sim...

Uma música toca quieta... Longe dos sonhos que vêm acordar; As letras falam absolutamente tudo... Longe dos sonhos que vêm sonhar...

As lembranças não param... Torturam, aprisionam, mal tratam; Um jantar, o luar, e nada a dizer... Castigo: respirar e viver arrependido...

Lúcio Vérnon ®

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

ICÓGNITA

Fecha os olhos para não ver o tempo passar, fecha os olhos e não quer saber de quem está logo à frente observando tudo com movimentos leves, para não perder nenhum momento com um movimento brusco. Pensa em algo distante quanto tudo que está do outro lado da realidade.

Fecha os olhos e não mais quer saber do que estar para acontecer, não quer saber das palavras pronunciadas, mesmo que essas consigam penetrar os pensamentos retirando uma lágrima cristalina que desce calada e solitária, e secreta para que não seja percebida; e não quer saber daquele lugar, e respira fundo, e olha para cima, não com um ar de dramaticidade, mas apenas para contemplar as estrelas que formam desenhos nos céus; olha para cima apenas para contemplar a lua que vem saudar e salvar aquele momento de minutos que deveriam ou devem ainda ser esquecidos logo após o fim. Fecha os olhos e não mais ouve, não mais sente, não mais está ali.

Dança enquanto caminha, ouvindo uma música que sai do vazio, apenas para acalantar suas tristezas e preocupações, não se importa com quem passa olhado, não se importa com quem passa falando, apenas sente o que ouve.

Dança e as vezes canta em voz alta de qualquer forma, para que no fim possa simplesmente soltar um sorriso que normalmente não sai sem algum sentido. E sorri para sorri sozinho, para achar graça de si mesmo.

Dança enquanto caminha, e baila numa festa real de apenas um convidado, já que para todos tudo tem que haver algo lógico. Dá gargalhadas quando tudo é mero silêncio.

Cala, quando em volta de muita gente, prefere ficar em silêncio quando não entende os motivos do porque as pessoas, as vezes é tão fútil. Cala, as vezes quando não deve, mas fala quando precisa, e fala sem pudor. Prefere ficar em silêncio antes de falar.

Cala e consente quando falam como é, ou quem é, ou ainda o que é, aceita simplesmente sem nada falar, e fala concordando com tudo o que dizem, sabe que o importante é estar bem consigo mesmo. Palavras sem sentido não faz sentido algum martirizar dentro de si.

Fecha as mãos em posição de luta quando vê algo errado, fecha as mãos em comemoração, fecha a mão para sentir uma música.

Fecha as mãos apenas para sentir-las se fechando, apenas para sentir-se com vida. Fecha as mãos por puro prazer de fechar quando gosta ou não de algo.

Brinca com a imaginação sempre que pode, não para ser apenas alguém com boa imaginação ou ser aclamado por isso, mas apenas para fugir de tudo o que cerca naquele lugar, brinca com a imaginação, para fazer algumas pessoas rirem quando realmente necessita.

Brinca com a imaginação a para se acalmar de um dia ruim, ou para continuar em um dia bom. Brinca para ser o mesmo, e nunca se esquecer que ainda tem um coração acima de tudo.

E escreve. Escreve qualquer coisa que venha à cabeça, escreve por escrever ou para contar algo a alguém, escreve tudo com algum sentido ou sem sentido, escreve pelo prazer de brincar com as palavras, vendo-as formarem frases e textos, escreve para ver as palavras criarem vida.

Escreve para colocar para fora o que sente, para não julgar antes de conhecer, para não falar antes de dever, para se lembrar que palavras podem machucar, para ser triste ou feliz a sua maneira. Escreve para esconder o que sente ou o que viu, ouviu, foi ou ainda é. Escreve pelo gosto da escrita, escreve para amar, sorrir, chorar, cantar. Escreve para não mais usar as armaduras, as máscaras. Escreve para ser transparente.

Lúcio Vérnon®