sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Rosa Negra



Padecem em veludos
as pétalas de ébano
que desfalecem entre os dedos...
- Não é tristeza... É segurança!

Já os espinhos perfuraram as mãos,
e jorram sentidos lógicos
numa mente conturbada...
- Não é dúvida, querida, é certeza.

E tal certeza é de que não há
o que esperar. Esperar é vão,
quem muito quer, nada tem.
e quem muito tem, muito perde...

Padecem em veludos
rosas entregues à lembranças,
algumas vindouras, outras presentes.
- Não é loucura... É lucidez.

O tato, não mais deseja
e arrepia ao sentir o passado.
Sentia o orvalho enquanto amanhecia,
- Não são sentimentos... São despedidas.

Lúcio Vérnon

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Pessoal


Hoje gostaria de falar de mim,
Esquecer um pouco o que há...
Gostaria de falar um pouco de amor,
Não amor, não vou falar de você.

Hoje gostaria de falar de mim,
conjugar verbos em solícita redundância.
Falar um pouco sobre tudo,
com a vicissitude de sorrir sem motivos

Hoje, queria falar de mim,
esquecer um pouco todos os problemas,
cantar em voz alta, ver olhos que me olharam,
gostaria de simplesmente me sentir, frágil, talvez.

É... Hoje eu queria falar de mim...
lembrar de coisas boas, e me silenciar,
gostaria de viver meu mundo, amor...
Me aquietar e quem sabe receber carinhos.

Hoje eu queria falar de mim,
Sentir o gosto de algumas palavras,
Mas as palavras, amor, não se separam do ser,
E não posso falar de mim, sem falar de ti, amor.

Lúcio Vérnon.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Poema Abstrato



E de Risadas esvaem-se outras lembranças...
Peito soluça enquanto refaz-se.
Todos os olhos, olham outro lado,
a própria face já não mais se reconhece.
Nenhuma palavra define sentimento,
e nem mesmo ao tempo lhe é prometido.

E de promessas permanece estático,
um mundo demolido, construções abstratas,
formas realísticas de algo não desejado.
A luz se apaga, a razão salta pela janela
enquanto escuro, e consome o ser que não está.
Seria possível suprimir o que anseia?

Lúcio Vérnon.