quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Xote





Corpos que se entrelaçam
em perfeita simetria
de ritmos com passos
incansáveis que riscam o espaço.

- "Foi deus quem fez você,
ou se não, foi a cadência agarrada
em teus cabelos e no girar
de chita em plena lua alta."

Quadris que riem com mãos
que deslizam em curvas
verticais de flexibilidade
plástica quão pura sensualidade.

Que revela partes
aos poucos,
brinca com sentidos,
desejos e toques,

em notas sustenidas
do próprio acordeão,
que embalado provoca
a vontade e sua.

Lúcio Vérnon


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Tempos modernos



Não há mais espaço para versos,
palavras são avessos dos sentidos,
e já é preciso defender o óbvio,
que de ululante se torna antônimo.

Já não há mais tempo para o tempo.
A urgência nos obriga ao novo,
repetido diariamente em acasos
tão factuais e tão premeditados.

Não mais há a motivação,
motivos são alvo da irracionalidade,
de preceitos e pré-conceitos por interesses,
desinteressantes da matéria.

Já não há mais nada...
A vida se perdeu no espaço
cheio do vazio de casos
recriados por momentos não realizados.

Lúcio Vérnon

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Interior



Shhh! Bate à porta...
- Silêncio, não ouço o grito!
- Onde foi tão triste?
- Por quê brinca tanto com palavras?

Shhh! Quero pensar!
A máscara já não cabe ao rosto,
e lacônico, sorri ao espelho
sozinho, como sempre foi...

Como sempre foi, apressado.
Leque amplo de visão
tudo quer... Tudo não pode ter.
- Shhh! Mas calma... Calma...

Se muito insistir, muito se vai,
e esvai em desejos mesquinhos
de nada querer, de tudo sentir.
esquecendo-se da própria existência.

- Shhh! Paciência... Mais paciência,
que o descontrole, controla sua mente,
e mente às verdades comprovadas,
que lhe acerca de pura realidade.

Lúcio Vérnon

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Super ação



Apagam-se as luzes...
O brilho nos olhos
estão suspensos
e espera... Espera o quê?

- À vontade...
Está para paciência
qual desejo interrompido
pela própria falta do querer.

Apagam-se as luzes,
e sem razão,
ilumina pesadelos
decrépitos de sentidos.

Lúcio Vérnon


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Imagem



De saudades,
remontei a imagem
que o tempo desfez
com retratos falados
pela imaginação ao invés.

Tinhas forma de princesa
quão bailarina de sonhos.
Tinhas sorriso despontados
como de presente sempre lhe fez
ao local que moras em cerrado.

Lúcio Vérnon