sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Perguntas



Seria então de palavras,
trêmulas tais como chamas de velas,
que ao descrever a forma,
sorriria em mim tua presença
em contornos tão lúcidos
quantos os toques e afagos desejados?

Seria então dos sons que corre ao longe,
como cachoeiras rompendo o espaço
e passos sentidos, em caminhadas,
que acariciando tua orla, despe-se do estar
e encontra no outro seu próprio ser?

Ou seria então do já vivido momento,
contínuo e infindo nas mentes e histórias,
que de gestos curtos atrairia a volta
dos amantes tão completos e tão sinceros,
e que no fundo tanto desejo estar?

Lúcio Vérnon

domingo, 15 de dezembro de 2013

Entre toques




Constante como o ciúmes
é o desejo que contrapõe
o sentido racional de ser
enquanto apenas está....

Desejo, que de olhos fechados
vem-se em cores e formas,
semelhante a silhueta de teu corpo
em completo semi escuro

de momentos ofuscantes
que num relance,
conduz a um fim de relação
infinda enquanto dura.

Lúcio Vérnon


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Onze e Meia



E já passou das onze e meia...
são exatamente um dia após
o primeiro pensamento de intimidade,
toques, gestos e semi perfeição.

Já se passaram horas
e mesmo ainda não se vê
desejo de despedidas.
O desejo não é só carnal.

É encarnado em suor
e encardido de tentativas
de acertos e mais que sentidos,
já é saudade do próximo momento.

E já passou das onze e meia...
E são pensamentos persistentes
que delineiam suas formas
enquanto versos e poemas,

Que se encaixam
tal qual seu corpo
sem trépidos segundos
e horas de prazer.

Já passou das onze e meia...
Mas a mim não se passa.

Lúcio Vérnon
Essa é uma homenagem à Gil.


domingo, 27 de outubro de 2013

Comparações




Estava no limite de entregar-se.
Tais curvas desenhavam traços
que de cigana, revelava o olhar
e os lábios de palavras firmes.

Transparente, como cristal
que se olha de um prisma 
temporal, completo, sem falhas
e tão perfeitamente lapidada.

Baiana, como convite
de hospitalidade oferecida
ao amigo, amante...
Como quem prova o desejo.

Estava morena qual dourada
cor de natural forma,
gingado e malícia quais palavras
que não conseguem descrever.
Lúcio Vérnon



sábado, 26 de outubro de 2013

Cores





- Castanhos...
São castanhos os olhos negros
que da morena lhe atrai
em momentos tão poucos.

- É negra...
que da pele lhe amacia e fala
em cor de ébano e noite
que estrelada, traz-lhe o caminho

Branco...
É de branco que se veste
e encarde o desejo
que com o suor revela o desejo.

É negra...
E quem sabe anseios....
Quem sabe sem querer
num movimento apenas é da negra mulher.
Lúcio Vérnon



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Morena



Já é de morena
a virtude do mar
que como vinho
desnuda-se sentidos,

num colóquio de memórias
nunca antes vivenciadas,
de um passado tão presente
e de uma voz tão sublime...

É da morena
que com frases acertadas
revive o titubear
de um peito acelerado,
de um romance não esquecido,
de um desejo inesgotável.

E como dizer à morena
que não vá,
que as palavras não devem ir,
que o tempo não pode passar
sem antes unir
o que nasceram para ser?

É da morena
esse jeito de querer
mais e direito
os carinhos e os abraços
que lhe fazem ofegar.

Lúcio Vérnon


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Viola






É a Viola...
Branca qual algodão
de suave olhar.
Desenha pássaros nas costas.

São as curvas da viola...
São as formas
dos olhos azuis
que lascivo, convida à perfeição,

brincando com sinônimos
nos toques de tuas coxas,
elevando à boca, a mão
e sobretudo teu próprio gosto.

São as curvas da viola...
São de bustos alvos e rosados,
qual desenhos de nuvens,
existentes apenas em emanações.

É a viola...
Semelhante àquela mulher,
que com palavras suaves,
sussurrando em seus ouvidos,
lhe estremecem os membros

delicadamente e excita-lhes
os já tépidos lábios
com a caneta de teus seios
e chora canções outrora cantadas.

Lúcio Vérnon


domingo, 6 de outubro de 2013

Entre Danças






Sorrisos tímidos,
movimentos compassados,
velados desejos
e quase silenciosos em pensamentos.

Luzes  contornam tuas curvas
e revelam o brilho de tua pele
para que com a minha se una.
Contornando antigas memórias...

sorrisos tímidos e olhares cruzados...
o que será que pensam?
o tempo é pouco para aguardar
um momento semi perfeito.

seria possível então o acontecer?
incondicionalmente pleno...
... É tua face... Tua própria perfeição.
Sentido que não se faz...

Lúcio Vérnon


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Porcelana




Macia maçã da face alva,
rosada por baixo da maquiagem
que nada esconde
e delineia seus sentidos

que de cintura próxima
revela o contorno da mulher
há muito desejada
em devaneios tão lúdicos.

Macia carícias de lábios,
que de vivos repassam as cores,
trepidando a alma
enquanto ouriçam os pensamentos.

Que de homem se passa pleno
e paciente ao próximo encontro.
Desejando-lhes o corpo
em toques frenéticos e naturais.

Lúcio Vérnon


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Boneca





De porcelana...
Pele alva de prata
matutina antes do nascer,
antes do não ser...

E não precisa de muito,
e não deseja o que é pouco.
de cigana se fez o corpo
que espera o inesperado.

É de porcelana
que se rompe em afagos
de cautelosos toques
por medo de que se parta.

E já não precisa de muitos,
mãos que se enredam nos cabelos,
que de vermelho só desejo é pouco,
e ofega enquanto aproxima.

Lúcio Vérnon


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Xote





Corpos que se entrelaçam
em perfeita simetria
de ritmos com passos
incansáveis que riscam o espaço.

- "Foi deus quem fez você,
ou se não, foi a cadência agarrada
em teus cabelos e no girar
de chita em plena lua alta."

Quadris que riem com mãos
que deslizam em curvas
verticais de flexibilidade
plástica quão pura sensualidade.

Que revela partes
aos poucos,
brinca com sentidos,
desejos e toques,

em notas sustenidas
do próprio acordeão,
que embalado provoca
a vontade e sua.

Lúcio Vérnon


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Tempos modernos



Não há mais espaço para versos,
palavras são avessos dos sentidos,
e já é preciso defender o óbvio,
que de ululante se torna antônimo.

Já não há mais tempo para o tempo.
A urgência nos obriga ao novo,
repetido diariamente em acasos
tão factuais e tão premeditados.

Não mais há a motivação,
motivos são alvo da irracionalidade,
de preceitos e pré-conceitos por interesses,
desinteressantes da matéria.

Já não há mais nada...
A vida se perdeu no espaço
cheio do vazio de casos
recriados por momentos não realizados.

Lúcio Vérnon

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Interior



Shhh! Bate à porta...
- Silêncio, não ouço o grito!
- Onde foi tão triste?
- Por quê brinca tanto com palavras?

Shhh! Quero pensar!
A máscara já não cabe ao rosto,
e lacônico, sorri ao espelho
sozinho, como sempre foi...

Como sempre foi, apressado.
Leque amplo de visão
tudo quer... Tudo não pode ter.
- Shhh! Mas calma... Calma...

Se muito insistir, muito se vai,
e esvai em desejos mesquinhos
de nada querer, de tudo sentir.
esquecendo-se da própria existência.

- Shhh! Paciência... Mais paciência,
que o descontrole, controla sua mente,
e mente às verdades comprovadas,
que lhe acerca de pura realidade.

Lúcio Vérnon

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Super ação



Apagam-se as luzes...
O brilho nos olhos
estão suspensos
e espera... Espera o quê?

- À vontade...
Está para paciência
qual desejo interrompido
pela própria falta do querer.

Apagam-se as luzes,
e sem razão,
ilumina pesadelos
decrépitos de sentidos.

Lúcio Vérnon


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Imagem



De saudades,
remontei a imagem
que o tempo desfez
com retratos falados
pela imaginação ao invés.

Tinhas forma de princesa
quão bailarina de sonhos.
Tinhas sorriso despontados
como de presente sempre lhe fez
ao local que moras em cerrado.

Lúcio Vérnon

terça-feira, 27 de agosto de 2013

De Pressão



Não há exatamente cores...
só cinzas ofuscante.
Não há mais movimento
tudo está suspenso,
esperando um gesto, o nada.

Não há exatamente expressão...
São formas que já não formam,
não chamam a entender.
Há uma pausa sem continuação,
um tempo sem sentido de ter.

Não há exatamente uma função...
Apenas disfunções sem sentido
de algo sem razão de existir.
É um prender de respiração
antes do não mergulho...

Lúcio Vérnon

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Insone



Estabacado corpo,
que insone, sugere
descanso de uma vida,
enquanto morres para viver...

Quem sabe à frente
não lhe vem, o que inexiste,
o pródigo futuro
por uma resistência indigna de ser.

Quantos surgem?
Quanto vives?
Terias de letra as palavras
que faz a alma entardecer?

Estabacado corpo,
quantas vidas lhe cabe
propor versos em reversos
corações de se ver?

Poderias então deitar
sem teu medo,
descansar finalmente
desvinculado da mercê?

Lúcio Vénon

sábado, 10 de agosto de 2013

In - Humanos



Invisíveis...
Por baixo do Anhanguera,
olhos esticando o asfalto,
deitados sob marquises ao chão...

São invisíveis,
jogados aos cantos,
limpando as ruas
com seus sujos corpos...

São Invisíveis
abaixo da Anhanguera,
no alto do Bueno
e em seu Finsocial...

São inaudíveis
seus sussurros estridentes
por socorro, acolhidos
pelas brancas pedras incandescentes.

São intocáveis,
indesejáveis e esquecidos,
exceto pelas facas
que, agora, lhe cortam o sono.

Lúcio Vérnon

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Não ser (Desconstrução)




There's nothing you can make that can't be made
No one you can save that can't be saved
Nothing you can do, but you can learn how to be you in time
It's easy (The Beatles)

Gostaria de hoje não ser...
Sim, a não ser
que enquanto letras
permita brincar de palavras
soltas, presas em papel.

Gostaria de não ser,
Desde que sendo,
desconstrua minha imagem,
própria de estar,
e soe aquilo que se faz...

Não gostaria de ser,
Definitivamente!
Mas enquanto longe,
descer se torna perto...

Gostaria de hoje não ser...
Sim, não ser!
Porque no disconforme
a forma torna-se completa.

Lúcio Vérnon 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Príncipe


Passam em branco
por sobre memória,
cabelos que fitei,
numa vida presente
em outros tempos, talvez.

Desconheço o recordar
engendrando minúcias,
de tua morena cor,
enquanto embalas
sob lua e estrelas...

E sorris a afagar
a própria pele
que em outros tempos,
desejava as mãos
de um mais claro e canela.

passam em cores
por sobre o café
noites de tons pratas,
enquanto em histórias
eram contada as lembranças.

Reconheço a silhueta
de branco florido,
sempre a espera daquele,
desengonçado que não esquece,
príncipe inexistente, possível.

Lúcio Vérnon.


Boneco



Coração de vidro
com palavras em veludo,
que entorpecem e faz crer.
o que há atrás da mente?

Coração de vidro,
blindado interior...
olhar afiado enquanto observa
o quão distante é e vai?

Em palavras longinquas:
"se entregar é uma bobagem..."
E já não tem o simples desejo.
O que lhe fez o tempo...?

- tempo é mero acaso
de segundos não contados...

Coração de vidro
de armadura intransponível,
quão estranho pode ser
o tentar se defender?

"queria um corpo perfeito,
queria uma alma perfeita"?
coração de vidro...
Sujo, blindado e encardido.

Lúcio Vérnon


Três Mosqueteiros



Já há um tempo,
tempo não perdido
pelo passado,
que insiste em desgastar.

Ainda estão lá as ruas,
o banco, e as horas
infindas de conversas
sobre um futuro que veio.

E quantos anos teremos
daqui a dez anos?
Ainda estão lá os três
que como um, são inseparáveis.

Já há um tempo
que as ruas pratas
não recebem do ouro
da presença de ambos.

Mas ainda estão lá,
caminham reluzentes,
"tempos de meninos
que ficaram para trás".

Tempos de meninos,
que não passam,
pois nem só de homem
vivem os imortais.

Lúcio Vérnon


Um Solitário



Havia um casulo no meio da escuridão,
apenas o silêncio acariciava os ouvidos,
enquanto de um outro lado, vagava,
distante e febril, em meio ao passado.

Não é engraçado o que faz o tempo?

Havia alguém onde ninguém viu.
um riso apalacado de amarelo,
olhos cansados de sorrisos,
e uma voz que esperava uma amiga.

Lúcio Vérnon