Desbotam palavras de lembranças coloridas, enrijecem gestos de suave acalantar, mãos distantes, sussurros inaudíveis, desejos incautos de um sonhar translúcido.
- Era tons de prata quando anoiteceu, Dama da Noite perfumavam os cabelos. - Eram carícias de momentos teus que a mão esqueceu em tempos contados.
E bailas em giro enquanto caminhas, e canta em silêncio em tons de rever, rever a lua prata que agora se deita, a rosa já pálida dissolve a cantar.
E como escrever mais um poema?
se todos já foram escritos
por outras, ou minhas mãos...
Meu coração como em púlpito palpita.
Minha visão ainda é a mesma
sobre um futuro não vindouro.
E a lua outra vez é cheia,
enquanto deita-se a noite.
E como escrever mais um poema?
Minhas rimas já não existem,
apesar de nunca rimarem.
Meu coração como em púlpito palpita.
Palpites nem sempre são esperados,
Quanto tempo hei de passar aqui?
O tempo não importa, quando nos importamos,
e nada se vai, quando tudo já não mais é.
Como escrever mais um poema?
O sonhos ainda são bons,
a realidade nem sempre, mas é a verdade.
Meu coração como em púlpito palpita.
Talvez a poesia precise do não,
que balança as palavras e some...
Talvez a poesia precise sofrer
no momento em que mais se doa...
- Um assobio cantarola na lembrança,
e mais um verso choroso ressalta,
tomando-lhe o papel como confidente,
e lenço, que lhe enxuga o peito...
Talvez a poesia precise do sentimento
como chuva de verão que numa bela
tarde, enquanto as flores pedem mais,
ela dá seu adeus numa suave delicadeza.
- E humanamente erros acontecem...
O que seria ilusão, quando tudo pode-se tocar?
E em quanto tempo um ponto vira reticências?
E de quantas certezas se faz um sentimento?
Talvez a poesia precisa chorar,
Principalmente quando ela mais sorri...
Talvez a poesia precise pisar no chão,
quando mais se quer voar...
Lúcio Vérnon.
Ps: Uma música alegre as vezes mostra a intensidade da dor...
Ps²: Uma vez um Peregrino disse: "nem todas as feridas me recuarão, nem toda a dor me fará desistir." Nada Mudou!
Chão de terra, terra molhada...
rios e flores, céu estrelado...
Uma rede; e teus cabelos embalados,
uma mão por sobre tua tez
e uma rosa ao seios...
Vestes brancas, olhos fechados...
toma-te do colo a cama...
e sorris ao deslizar da mão
que desenha-lhe face à nuca,
e lhe beija os lábios enquanto dormes...
A lua lhe prateia a pele morena,
e como num sonho realça tuas formas,
enquanto abres os olhos e vês outros castanhos,
como que incrédulo de tua presença...
Teu perfume mistura com os das flores,
enquanto abraçados, silenciam as falas,
e se tocam como a pena mais suave,
e dormem incautos de desejos...