sexta-feira, 28 de março de 2008

Notas.

Música Um assobio e as palavras surgem no ar, numa canção infinita que paira no nada. E as notas surgem em adagas perfurantes. E a voz se corta no além silêncio profundo. Um assobio e um coração enegrece à própria sombra. Um tão cintilante gemido esvai ao pôr das letras. E as notas esquecem a harmônia perfeitamente... E a tal voz falha e desafina no falar implicante. Não há nada que mostre tais palavras no ar, são só palavras ouvidas nas canções infinitas, as notas aparentam brigas e desentendimentos musicais, e a voz a fraqueza de tentar conquistar o que se deseja. Um assobio e tudo fora de questão surgem no ar, numa musicalidade estridente de certo e errado! E as notas já esquecem o tom e esquecem a ordem, mas que ordem tem a voz que apenas grita sem parar?
Lúcio Vérnon.®

Ciranda

Ciranda Às vezes fico pensando em baladas perdidas, são cirandas que rodam o contorno do círculo. ÀS vezes fico pensando em danças esquecidas de brincadeiras de rodas no contorno do corpo. Em horas que a chuva cai escorrendo em meu corpo vem imagens de pessoas em rodas nos campos, e em horas que as gotas esfriam-me a respiração são trazidas na memória as loucuras um dia feitas. Às vezes fico pensando nas festas antigas... Às vezes fico pensando na mão dos amigos. São cirandas que rodam o contorno da mente, são brincadeiras que brincam de sentir em vão. Há momentos que a chuva me faz acreditar em tudo. Há momentos em que nada me faz esquecer o que virá. E são só cirandas que ecoam em coro a nova vida! Como são só cirandas esquecidas das crianças amantes.
Lúcio Vérnon.®

quarta-feira, 19 de março de 2008

Para ti.

Sinceridade

Não lhe direi que sou igual Todos lhe disseram isso... Não lhe direi que serei perfeito, A perfeição é evolução constante. Direi apenas que sou sempre igual Mas igual a todos que ainda não viu. Não lhe direi que confies cegamente, O abrir os olhos nos mostra os sentimentos, E não lhe direi que sentimentos são eternos... Todos lhe dizem isso na hora que querem. Apenas direi que sinto na verdadeira palavra. Sentimento não são verdadeiros quando só juras.

Não lhe direi que nunca haverá problemas, Isso também tais tolos dizem para conquistar. E não farei crer que as soluções são fáceis assim. Direi que não tenhas medo continue a observar A solução estará em nossa frente sempre, Apenas direi me dê a mão e vamos caminhar... Não lhe pedirei provas de sentimentos... Sentimentos não se provam, sentem apenas. E então, apenas lhe direi que estou aqui... Com todo meu besta sentimentalismo sentimental. Desejando-te não como alguém diferente, mas igual, Desejando teu corpo e teu ser, e no fim ser um apenas.

Lúcio Vérnon.®

Por ti.

Palavras e sentimentos soltos ao vento. Uma morte interna, uma reviravolta indesejada. Um eu que não existe mais. Experimento uma avalanche de descobertas. É possível encontrar sua felicidade em outra pessoa? Será que foi isso que andei procurando? Por isso dá errado? E felicidade afinal, o que diabos seria? Alguém a conhece? Perguntas também em vão, desconexas entre si. Onde me encontro agora, nesse inferno que aceitei... Quero me sentir segura, não quero me prender. Não quero aceitar o que sinto, mesmo não conseguindo impedir. Quero fugir, mas não quero me perder. Algum dia sonho conseguir me guiar sozinha, porém não solitária...

Cristine do Espírito Santo.®

DOR

Thalles não queria acordar. Seu espelho não o fazia se sentir bem como antes. As conversas, nem sabia mais distinguir quais eram reais e quais eram imaginárias, ninguém mais importava. Bem, quase ninguém. Havia aquela moreninha de cinco anos, que o idolatrava. Sempre que olhava para ela se sentia melhor. Era como ver a si mesmo, tão parecidos os seus rostos. Adorava quando ela corria em direção aos seus braços, deixando de lado até sorvete! Sabia que seu amor era incondicional, como a fazia sorrir. Faria qualquer coisa para ver seu lindo sorriso infantil. Mas ultimamente nem sua irmãzinha funcionava. Na verdade, preferia nem pensar nela pelo que estava prestes a fazer. Não queria pensar em ninguém. Nada o satisfaria, nada. Ele percebia a gravidade do que estava acontecendo, e conseguia ver razoavelmente o choque que causaria naqueles que o amavam. O choque foi incontavelmente maior. Naquela noite de Carnaval, era o momento certo. Não havia ninguém em casa além da menina. Viram televisão juntos, conversaram, brincaram, e finalmente a criança adormeceu. Ele fraternalmente a carregou nos braços, até a cama de seus pais. Antes de deixá-la, beijou-a a testa e disse que a amava. Pediu desculpas. Esperava que um dia ela pudesse perdoá-lo. Saiu do quarto devagar, fechando a porta. Pegou a arma do pai no armário alto, alcançando-a facilmente com seu 1,85m. Carregou o velho revólver com apenas uma bala, e então trancou-se no banheiro. Um tiro no coração foi o suficiente. O rapaz de dezenove anos estava morto. Em seu rosto uma expressão suave de alívio. Porém seu tesouro mais precioso foi abandonado naquela cama de casal.

*Em memória de Cristiano, irmão amado. Minha vida não importou para mais ninguém desde aquele dia. Sua morte foi a minha maldição.

Cristine do Espírito Santo. ®

terça-feira, 18 de março de 2008

Sexo


E quem está preparado para o amor? 
Os moinhos ainda giram ao contrário...
O vento faz a curva nos contornos corpóreos;
E a relva não se movimenta quanto á brisa...

E quem está preparado para assumir a força?
A armadura já nem mais tem seu peso real,
O brilho da espada ilumina a moradia amante;
Mas quem está pronto para assumir o desejo?

E quem está pronto para assumir tal desejo?
Os moinhos continuam lá e giram e giram...
Tudo em nome de algo e algo em nome de um;
E quem tem coragem de assumir tal sentimento?

As palavras são escritas no vento curvo do corpo.
E tais palavras são sussurradas nas casas e escadas.
E quem tem coragem de assumir o arrepio antes gozo?
Quem tem coragem de assumir o verdadeiro prazer?

O estalar da cama talvez anuncia alguém...
E os gemidos noturnos dão asas ao prazeroso gozo;
Mas quem está pronto para tal sentimento?
Quem está preparado para assumir tal desejo?
Lúcio Vérnon.®

quinta-feira, 13 de março de 2008

Descrevendo um poeta

O Brusco Poeta.

O poeta não sabe discernir as pessoas O poeta ama indiscriminavelmente... E tão descaradamente várias pessoas; Como são várias as formas de se amar...

O poeta não nasceu para ser preso E voa livre nos céus vermelhos sangrados, E sente livre o doce encanto de se encantar, E deixa se encantar pelos homens e mulheres.

O poeta se ausenta em busca de novas poesias; E as pessoas são apenas brasas de cigarro acesas... Que são tragadas a cada momento amante, Enquanto são esquecidos num prazeroso amor febril.

O poeta ama em segredo um, e sempre sai ileso... As pessoas amam, mas de qualquer forma nunca esquecem. E o poeta é tal herói e tal algoz, e generoso com teus escritos; Não prende e não se prende a ninguém, e se doa a todos e todas.

O poeta não tem um coração humano e mortal! És sempre imortalizado na escrita e na memória do amante. Ai de quem passa pelos caminhos desse sedutor supremo! É seduzido e tragado, e prazeroso e esquecido mais e mais...

Lúcio Vérnon ®