terça-feira, 27 de agosto de 2013

De Pressão



Não há exatamente cores...
só cinzas ofuscante.
Não há mais movimento
tudo está suspenso,
esperando um gesto, o nada.

Não há exatamente expressão...
São formas que já não formam,
não chamam a entender.
Há uma pausa sem continuação,
um tempo sem sentido de ter.

Não há exatamente uma função...
Apenas disfunções sem sentido
de algo sem razão de existir.
É um prender de respiração
antes do não mergulho...

Lúcio Vérnon

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Insone



Estabacado corpo,
que insone, sugere
descanso de uma vida,
enquanto morres para viver...

Quem sabe à frente
não lhe vem, o que inexiste,
o pródigo futuro
por uma resistência indigna de ser.

Quantos surgem?
Quanto vives?
Terias de letra as palavras
que faz a alma entardecer?

Estabacado corpo,
quantas vidas lhe cabe
propor versos em reversos
corações de se ver?

Poderias então deitar
sem teu medo,
descansar finalmente
desvinculado da mercê?

Lúcio Vénon

sábado, 10 de agosto de 2013

In - Humanos



Invisíveis...
Por baixo do Anhanguera,
olhos esticando o asfalto,
deitados sob marquises ao chão...

São invisíveis,
jogados aos cantos,
limpando as ruas
com seus sujos corpos...

São Invisíveis
abaixo da Anhanguera,
no alto do Bueno
e em seu Finsocial...

São inaudíveis
seus sussurros estridentes
por socorro, acolhidos
pelas brancas pedras incandescentes.

São intocáveis,
indesejáveis e esquecidos,
exceto pelas facas
que, agora, lhe cortam o sono.

Lúcio Vérnon

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Não ser (Desconstrução)




There's nothing you can make that can't be made
No one you can save that can't be saved
Nothing you can do, but you can learn how to be you in time
It's easy (The Beatles)

Gostaria de hoje não ser...
Sim, a não ser
que enquanto letras
permita brincar de palavras
soltas, presas em papel.

Gostaria de não ser,
Desde que sendo,
desconstrua minha imagem,
própria de estar,
e soe aquilo que se faz...

Não gostaria de ser,
Definitivamente!
Mas enquanto longe,
descer se torna perto...

Gostaria de hoje não ser...
Sim, não ser!
Porque no disconforme
a forma torna-se completa.

Lúcio Vérnon