quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Poeta em Negação






Não, não escrevo mais!
As palavras já fugiram,
as rimas já não rimam
e as pessoas merecem mais.

Não, já não escrevo!
Não há sentido em fazer,
não há ninguém para ler,
nem dedicar me atrevo...

Não, não escrevo, é homicídio!
o verso é decadente, é torto...
O poeta perdeu o sentido, está morto,
Acabando com sua vida... É Suicídio!

Lúcio Vérnon

domingo, 9 de setembro de 2012

De Assalto



Toma-me de assalto
o peito antes enclausurado,
que de tempos remói
o passado tão contínuo.

É preciso de pouco tempo
para que instigue o pensamento,
que rememore e acenda
a devoção de se entregar.

É preciso o tempo curto
que no entrelace de conversas
se crie o desejo de arder
sentidos postos apenas a poetar.

E toma-me de assalto
a razão meramente ilustrativa
de poeta ponderado
desesperado de esperar.

Lúcio Vérnon

Poema criado para Karolina. Uma das meninas mais lindas que tive a sorte de conhecer na vida. E que com apenas alguns minutos  de conversa conseguiu acalmar e dar esperanças a um cara que precisava ver um bom futuro. Obrigado Karol por também escolher a música perfeita para o poema, e pela oportunidade de  ver e ouvir suas lindas palavras.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Inércia




Inerte, sonho velado
e o desejo do moreno corpo
em copos insípidos,
transparecem enquanto toques,

arrepia-lhe a pele em leves espasmos,
abre-lhe o sorriso e aproxima o rosto,
que quão sussurro, enaltece o corpo
e como a brisa acarecia os ouvidos.

Inerte, sonho velado
o desejo do moreno corpo,
e da vontade que apraz
a alma insone, inquieta, renascida.

O aroma percorre a sala,
aguçam os outros sentidos
que excita a visão
e dá-lhe gosto ao paladar.

Lúcio Vérnon

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Tempo de Silêncio



A água percorre a face,
o tempo corre corpo
enquanto envelhece alma,
e muda a hora, muda sentidos...

A saudade traça estradas
em curvas de tua pele,
desenha e acalanta sussurros
que transpiram lascivos...

Um jantar, um sorriso.
Um sonho e uma noite...
Tempestade sentimentais,
calmaria de razão.

O vento cega semblante,
teus gestos esvaem-se
e o abrir dos olhos...
Tempo de silêncio...


Lúcio Vérnon

sábado, 23 de junho de 2012

Passarinho do Cerrado




Foi bailando, cantando e sorrindo,
passarinho livre de cerrado adentro,
num valsar de plumas entoando o momento
que sussura baixinho sentimentos indo...

De noitinha via-se a lua já alta,
e girava, e dançava qual baiana cabocla
de sotaques cantados como que se assalta
a alma de um homem de fogo à fábula...

O rítimo é doce de tal macia pele,
suaves os gestos que anunciam o baile
por entre espaços que a proximidade impele,
de clamores saudosos e que toques desfile...

Lúcio Vérnon 


Agradecimento especial: Agradeço de coração a Tamiris Ferreira por gastar seu tempo me ajudando a escolher essa música que considero perfeita para o poema, e ainda mais por ler e avaliar o poema com palavras tão sinceras da qual concordo plenamente, melhorarei as rimas para a próxima. Beijos, linda, e muito obrigado pela atenção.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Diamante




Diamante roubado...
O cheiro já não mais é o mesmo,
os prismas diferem o tempo,
refletem outros brilhos...

Quando foi permito o furto?
Partida silenciosa,
formas em outras mãos...
Quão silêncio outrora.

Diamante roubado...
de cabelos negros pintados,
pele branca e corpo farto...
Em que mãos passaram...?

Quando foi permito o furto?
O desejo permanece...
Não esquece um diamante,
... O desejo permanece...

Lúcio Vérnon

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sentido




Teu olhar é de pena, poeta,
teu brilho é puro fosco,
o cheiro que inebria é insosso,
voz trêmula, inexata, incoerente.

Você é de pura incompreensão,
parado, ao nada, e escreve...
Escreve a alma, os sentidos.
É só o que sabe? Não sentes?

Teu sorriso é sem graça, poeta,
teu desejo é a embriaguez de esquecimento.
A pele já anuncia o toque sem excitação...
O que vê, poeta, que nós ainda não?

-"Repetições de fatos não ocorridos...
Suspiros ao ver meus sentidos esvaindo-se
como aroma de dama da noite ao vento,
esperando em vão que alguém veja minh'alma."

Lúcio Vernon

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Camila




Não sei fazer joguinhos...
Pareço até menina de 12 anos
descobrindo agora os sentimentos.
O que devo fazer? Mentir?

Mais um sorriso disfarçado
e lágrimas por dentro de meu rosto
já marcado e que até desconheço...
Desculpe se for incômodo ouvir.

Não entendo esses joguinhos...
Não deveria ser simples?
O sentimento supera a razão.
E a vontade...? Essa nunca se foi.

Outra vez a insônia me acalanta,
o desejo faz transpirar-me deitada,
enquanto balbucio sentimentalidades
esperando em vão que ouças e venha...

Lúcio Vérnon

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Litoral de Acácias






Os traços ascendem, sussurram versos
e conjugam-os em pretérito perfeito.
Não há futuro para o que se foi,
não há presente pro o que há de vir...

Outra vez é alta a noite...
A brisa canta teu nome, e acaricia
curvas tênues de sedutora maciez,
enquanto de olhos curvados, sonho...

Faz silêncio agora... A rede balança.
É pleno o ser nos braços da memória...
E toco teu corpo em desejos impuros,
o vento sopra... Teus lábios agora em mim.

Já é tarde, no desejo ainda não há tempo...
- Tempo é mero acaso de segundos não contados.
Os traços ascendem, Sussurram teu nome,
e ondas de prazer embalam-me em teus toques.

Lúcio Vérnon

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Um Vadio




Era desejo no olhar do vadio,
um filme de histórias em pausas.
Vacilava nos gestos, palavras,
perdia-se em tácito assédio.

Outra vez era precipitação,
enquanto esquecia do próprio ser.
Teu corpo hesitava em receio;
e em observação, a morena, sorria.

Era desejo no olhar do vadio.
parecia esperar o momento,
"Queria sentir o brilho dos lábios
rosados e de tua pele, moreninha..."

Outra vez era como escrever versos
já entregues em papéis brancos.
O simples tocar em abraço, moreninha,
era como reviver momentos não passados.

Lúcio Vérnon

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Calos




Os dedos calejados
já não sentem mais a pele,
a verdade outrora
e as conversas insônes...

Quem poderá mostrar o caminho?
O desejo de um igual.
Retirar a máscara e ver teu rosto.
Sorri, e fazer rir do simples.

Os dedos calejados,
calejam também a face,
que desfaz em momentos
e transfigura as vontades.

Quem irá tocar teu corpo
enquanto música?
sussurrar tuas curvas
em versos sem rimas?

Os dedos calejados,
calejam também a crença,
os sentidos, e as letras.
Talvez a própria verdade.

Quem irá sentir teu cheiro,
e o desejo lascivo de posse?
Quem sentirá a vantagem
de possuir o teu ser?

Lúcio Vérnon 
 @Camila Tápia.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Pressa




- "Vê se não vai demorar..."
Apressado, sempre apressado,
o ímpeto provoca o tempo
que provoca o corpo, e sonha...

Não foi como olhar o desconhecido,
nos braços haviam letras como poemas,
Nos olhos, marcas de um passado superado,
- Sim, seu olhar encanta...

A noite curta, o desejo longo.
A música era alta e a proximidade
fazia vibrar o peito disforme
e inflado da pressa irracional.

Sorria, sempre sorria,
os olhos desenhavam arcos,
e a face iluminava os sentidos
enquanto acalmava a companhia...

- "Vê se não vai demorar..."
o tempo provoca a razão,
enquanto o sentimento anseia.
- Sim, seu olhar encanta...

Lúcio Vérnon 

sábado, 5 de maio de 2012

Ser



E já não sei quem sou...
O caminho faz curvas,
não encontro as tuas...
- Teus olhos, reluzem?

Não quero ser quem sou,
o peito grita, os olhos calam
e ainda não ouço a tua voz...
- Tua face, acalma?

Me perco em quem sou,
os pensamentos perpassam,
e a imaginação realiza o tempo...
- Quantas vidas você tem?

E só quero ter o que sou...
Procuro semelhança,
formas como as tuas...
- Teu sorriso, encanta?


Lúcio Vérnon

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Papel



Descansa em branco a única amante,
cantos e contos não caem sobre o corpo,
os toques e os traços trepidam vacilantes
à lágrima esguia no soluçante porto.

Brilham, em negro céu, estrelas de escorpião,
e a amante perdura em conversas torpes,
os assuntos são transitórios de apenas paixão,
e o poeta só deseja, da lésbica, os suaves toques.

Descansa em branco a primeira amante,
aguardando talvez os despojos escritos,
de palavras colhidas em momentos pendantes,
e assuntos mergulhados nos tempos esquecidos.

Lúcio Vérnon.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O Mesmo Sentimento



O sono se vai, a mente voa,
passos estalam sobre o asfalto,
o corpo se distancia,
e a razão some enquanto sentimos...

As vozes emudecem,
e queremos gritar,
dói o peito...
E já não há mais o sentido.

Sono se vai, um violão chora,
as luzes ficam mais escuras,
o silêncio já não mais conforta,
e ainda sobra um pouco de vinho...

As letras já falham,
o papel cai pelo bolso...
dói o peito...
E já não queremos mais outro.

Lúcio Vérnon

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Rosa Negra



Padecem em veludos
as pétalas de ébano
que desfalecem entre os dedos...
- Não é tristeza... É segurança!

Já os espinhos perfuraram as mãos,
e jorram sentidos lógicos
numa mente conturbada...
- Não é dúvida, querida, é certeza.

E tal certeza é de que não há
o que esperar. Esperar é vão,
quem muito quer, nada tem.
e quem muito tem, muito perde...

Padecem em veludos
rosas entregues à lembranças,
algumas vindouras, outras presentes.
- Não é loucura... É lucidez.

O tato, não mais deseja
e arrepia ao sentir o passado.
Sentia o orvalho enquanto amanhecia,
- Não são sentimentos... São despedidas.

Lúcio Vérnon

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Pessoal


Hoje gostaria de falar de mim,
Esquecer um pouco o que há...
Gostaria de falar um pouco de amor,
Não amor, não vou falar de você.

Hoje gostaria de falar de mim,
conjugar verbos em solícita redundância.
Falar um pouco sobre tudo,
com a vicissitude de sorrir sem motivos

Hoje, queria falar de mim,
esquecer um pouco todos os problemas,
cantar em voz alta, ver olhos que me olharam,
gostaria de simplesmente me sentir, frágil, talvez.

É... Hoje eu queria falar de mim...
lembrar de coisas boas, e me silenciar,
gostaria de viver meu mundo, amor...
Me aquietar e quem sabe receber carinhos.

Hoje eu queria falar de mim,
Sentir o gosto de algumas palavras,
Mas as palavras, amor, não se separam do ser,
E não posso falar de mim, sem falar de ti, amor.

Lúcio Vérnon.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Poema Abstrato



E de Risadas esvaem-se outras lembranças...
Peito soluça enquanto refaz-se.
Todos os olhos, olham outro lado,
a própria face já não mais se reconhece.
Nenhuma palavra define sentimento,
e nem mesmo ao tempo lhe é prometido.

E de promessas permanece estático,
um mundo demolido, construções abstratas,
formas realísticas de algo não desejado.
A luz se apaga, a razão salta pela janela
enquanto escuro, e consome o ser que não está.
Seria possível suprimir o que anseia?

Lúcio Vérnon.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Forma


Não encaixa versos
com o que já foi escrito.
O corpo suado sente falta,
inerte e cansado, dói a vontade.

Não se encaixa as palavras,
risos e palmas, tapas até.
Corpo presente enquanto sonha futuro,
ausência pendente e dura o silêncio.

Falta-lhe a forma do encaixe perfeito,
olhos trêmulos lêem tais versos,
mãos inquietas recai sobre o corpo,
falta um abraço e o sono se vai.

Lúcio Vérnon

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Neblina

Silêncio absorto,
Enquanto surgem as névoas.
O corpo estremece e acalma,
e a visão desfaz...

Pensamento em aborto,
pairam nuvens em chamas.
O Olhar trepida e sente a alma,
E a visão desfaz...

E Sonha e aquece,
E geme, e chama...
Sorrisos encantam...!
E a visão desfaz...

Desfaz e umedece,
A luz já o ama,
enquanto vozes já falam,
e a vontade desfaz...

Lúcio Vérnon