Toma-me de assalto
o peito antes enclausurado,
que de tempos remói
o passado tão contínuo.
É preciso de pouco tempo
para que instigue o pensamento,
que rememore e acenda
a devoção de se entregar.
É preciso o tempo curto
que no entrelace de conversas
se crie o desejo de arder
sentidos postos apenas a poetar.
E toma-me de assalto
a razão meramente ilustrativa
de poeta ponderado
desesperado de esperar.
Lúcio Vérnon
Poema criado para Karolina. Uma das meninas mais lindas que tive a sorte de conhecer na vida. E que com apenas alguns minutos de conversa conseguiu acalmar e dar esperanças a um cara que precisava ver um bom futuro. Obrigado Karol por também escolher a música perfeita para o poema, e pela oportunidade de ver e ouvir suas lindas palavras.
Foi bailando, cantando e sorrindo,
passarinho livre de cerrado adentro,
num valsar de plumas entoando o momento
que sussura baixinho sentimentos indo...
De noitinha via-se a lua já alta,
e girava, e dançava qual baiana cabocla
de sotaques cantados como que se assalta
a alma de um homem de fogo à fábula...
O rítimo é doce de tal macia pele,
suaves os gestos que anunciam o baile
por entre espaços que a proximidade impele,
de clamores saudosos e que toques desfile...
Lúcio Vérnon
Agradecimento especial: Agradeço de coração a Tamiris Ferreira por gastar seu tempo me ajudando a escolher essa música que considero perfeita para o poema, e ainda mais por ler e avaliar o poema com palavras tão sinceras da qual concordo plenamente, melhorarei as rimas para a próxima. Beijos, linda, e muito obrigado pela atenção.
Teu olhar é de pena, poeta,
teu brilho é puro fosco,
o cheiro que inebria é insosso,
voz trêmula, inexata, incoerente.
Você é de pura incompreensão,
parado, ao nada, e escreve...
Escreve a alma, os sentidos.
É só o que sabe? Não sentes?
Teu sorriso é sem graça, poeta,
teu desejo é a embriaguez de esquecimento.
A pele já anuncia o toque sem excitação...
O que vê, poeta, que nós ainda não?
-"Repetições de fatos não ocorridos...
Suspiros ao ver meus sentidos esvaindo-se
como aroma de dama da noite ao vento,
esperando em vão que alguém veja minh'alma."
Os traços ascendem, sussurram versos
e conjugam-os em pretérito perfeito.
Não há futuro para o que se foi,
não há presente pro o que há de vir...
Outra vez é alta a noite...
A brisa canta teu nome, e acaricia
curvas tênues de sedutora maciez,
enquanto de olhos curvados, sonho...
Faz silêncio agora... A rede balança.
É pleno o ser nos braços da memória...
E toco teu corpo em desejos impuros,
o vento sopra... Teus lábios agora em mim.
Já é tarde, no desejo ainda não há tempo...
- Tempo é mero acaso de segundos não contados.
Os traços ascendem, Sussurram teu nome,
e ondas de prazer embalam-me em teus toques.
Descansa em branco a única amante,
cantos e contos não caem sobre o corpo,
os toques e os traços trepidam vacilantes
à lágrima esguia no soluçante porto.
Brilham, em negro céu, estrelas de escorpião,
e a amante perdura em conversas torpes,
os assuntos são transitórios de apenas paixão,
e o poeta só deseja, da lésbica, os suaves toques.
Descansa em branco a primeira amante,
aguardando talvez os despojos escritos,
de palavras colhidas em momentos pendantes,
e assuntos mergulhados nos tempos esquecidos.
Hoje gostaria de falar de mim,
Esquecer um pouco o que há...
Gostaria de falar um pouco de amor,
Não amor, não vou falar de você.
Hoje gostaria de falar de mim,
conjugar verbos em solícita redundância.
Falar um pouco sobre tudo,
com a vicissitude de sorrir sem motivos
Hoje, queria falar de mim,
esquecer um pouco todos os problemas,
cantar em voz alta, ver olhos que me olharam,
gostaria de simplesmente me sentir, frágil, talvez.
É... Hoje eu queria falar de mim...
lembrar de coisas boas, e me silenciar,
gostaria de viver meu mundo, amor...
Me aquietar e quem sabe receber carinhos.
Hoje eu queria falar de mim,
Sentir o gosto de algumas palavras,
Mas as palavras, amor, não se separam do ser,
E não posso falar de mim, sem falar de ti, amor.
E de Risadas esvaem-se outras lembranças...
Peito soluça enquanto refaz-se.
Todos os olhos, olham outro lado,
a própria face já não mais se reconhece.
Nenhuma palavra define sentimento,
e nem mesmo ao tempo lhe é prometido.
E de promessas permanece estático,
um mundo demolido, construções abstratas,
formas realísticas de algo não desejado.
A luz se apaga, a razão salta pela janela
enquanto escuro, e consome o ser que não está.
Seria possível suprimir o que anseia?