De Efeito
AD EFFECTUM
Não, amor não nasceu para o poeta,
Como o demônio não nasceu para ser Deus.
O poeta existe para sofrer, sentir e escrever.
O poeta tem apenas sua maldição como meta,
A maldição de escrever e sofrer os amores seus,
Gemendo teus ais, de esquinas em esquinas que vier.
O sonhar, sim, é para esses catadores de letras.
Somente ali poderá realizar teus ímpios desejos,
Mesmo que seja apenas por milésimos de segundos.
Porque talvez seja o que o destino reservou, apenas,
Os mau dizeres da vida em insanos gritos roucos,
Ao revelar da verdade e do viver a ilusão; seus dois mundos.
Não a felicidade, também não para nossa classe.
Nenhum poeta pode ser feliz, não pode ser amado,
Exceto o amor de mãe, e dos que lêem tais versos.
Talvez se o poeta parasse e a caneta finalmente calasse,
Quem sabe deixasse de ser poeta, fosse para o outro lado,
Podendo amar, fosse feliz, enquanto nós somos os avessos.
Lúcio Vérnon®
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